terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Altos e baixos



Em 2009 foram altos e baixos.
Quase sucumbi e mudei tudo. O Zen me orientou.
Passou. Foi difícil a travessia mas valeu.
Tô quase zerado com o sistema financeiro que vende a alforria por um preço esquisito.
Neste final de semana fui para Cunha reencontrar um antigo amor que me convidou.
Ela estava com o novo marido. Passeamos, conversamos, bebemos, fumamos e nada de extraordinário aconteceu a não ser a maravilhosa leveza do ser.
Nós dois mais velhos.
Vez por outra fazia paralelos.
No domingo de manhã depois do passeio na Peda da Marcela. Fomos em grupo. Ela disse que deitou na cama e lhe veio tantos pensamentos felizes.
Já em São Paulo preparo um viagem para Minas e Goiás.
O ano novo vai ser em Diamantina com o Nem de Tal.
Encontrei no super uma cliente. Me disse que separou do antigo sócio. Ela estava feliz.
Mandei por e-mail estas duas fotos com uma mensagem inspirada na impermanência: Mu Joo
Em baixo, na subida da Pedra da Marcela estava nublado e frio.
Em cima: O esplendor.










quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Haja hoje para tanto ontem

CPI do IPTU 26 nov 2009

CPI do IPTU 26 nov 09

Audiência pública de finanças 25 nov 09


Na casa do povo paulistano tem umas pessoas que me chamam a atenção enquanto documento o dia a dia da casa. Audiências, CPIS, Comissões, etc e tal acontecem em 5 lugares.
No plenário, nas audiências públicas vêm pessoas dos mais variados quilates.
Ontem, durante a audiência de finanças, ela veio com lenços coloridos cobrindo a cabeça e manuseava um terço. Abstraída, viajava (na sua pequena instalação sobre a bancada dos vereadores) construindo esculturas efêmeras. Hoje cedo estava lá de novo, durante a CPI do IPTU. Perguntei o por que dos lenços e se ela era de alguma religião.
Como tenho pouca roupa eu uso lenços com tecidos leves porque são fáceis de lavar. Não sou de nenhuma religião.
Enquanto corria a CPI com perguntas dirigidas ao inoperante responsável pelo Shopping Market Place (aquele em que caiu a estrutura na semana passada), ela fez uma outra escultura, um despacho, um altar, uma homenagem... na bancada, com notas e santinhos. Tem outros personagens desta tribo que frequentam a casa e vou dando atenção pra eles. Parece com os loucos das pequenas cidades que são aceitos e os meninos adoram provocar. Como ninguém é impedido de entrar nas audiências públicas vou registrando minha admiração pelos exóticos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Bonita e gostosa

foto de Dinah Salles de Oliveira

Desde que um celular gravou as cenas (de qual celular? - ficou anônimo) e o Ytube colocou na rede fiquei do lado dela.
Ontem fui fotografar a Geisy.
Ficamos alguns minutos a sós na sala ensolarada de seu advogado na Praça da Sé em São Paulo. Ela gosta de ser fotografada. Tem o vigor dos 20 anos e sabe o que quer.
Fiquei com esta música na cabeça, é meio parecida com ela.


Perigosa
Compositores:Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nelson Motta

Eu sei que eu sou bonita e gostosa
E sei que você me olha e me quer
Eu sou uma fera de pele macia
Cuidado, garoto, eu sou perigosa

Eu tenho um veneno no doce da boca
Eu tenho um demônio guardado no peito
Eu tenho uma faca no brilho dos olhos
Eu tenho uma louca, dentro de mim

Eu sei que eu sou bonita e gostosa
E sei que você me olha e me quer
Eu sou uma fera de pele macia
Cuidado, garoto, eu sou perigosa

Eu posso te dar, um pouco de fogo
Eu posso prender, você meu escravo
Eu faço você feliz e sem medo
Eu vou fazer você ficar louco
Muito louco, muito louco
Dentro de mim


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Temajo - Movimento Pós Humano


Um dia o Temajo apareceu na minha vida e nem me lembro. Apareceu e foi aparecendo. Uma pobreza que dava dó. Uma esperança na vida que propunha altivez. Capaz de citar Sócarates e a importância das flores no aparecimento dos Beija-flores.

Ah me lembrei de onde. Ele fazia um venissage na pensão que morava na Rua Cajaiba, na Pompéia em São Paulo. Quem me lovou foi a Evelyn Ruman e o pessoal do MIS. Em um outro período ele ficou com uma garagem que emprestei para montar seu ateliê. Ficou por ali um tempo até que a senhoria reclamou da sub locação e ele teve que cair fora. Ele me pagava com seus quadros ou com algum que arrumava.
Deixava correr solto.
Ele estava ali criando. Eu podia fazer o empréstimo.
Uma época foi para Camburi para ser o caseiro mas o serviço pesado não o agradou e voltou. Emprestei de novo a garagem já que o senhorio mudou. Pintou ali outras telas e fez uma exposição.
Temajo tem idéias sobre como deve ser o mundo.
Agora lança o Movimento Pós Humano que é uma nova exposição lá na Rua Fidalga 120 - Restaurante Materello.
Vale a pena conferir.
Talvez um dia algum curador venha a se interessar pelo seu trabalho e ele possa ser visto em outros ambientes mais glamurosos, merecedores de seu trabalho.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pancadaria no Metrô São Bento

Despedi do Luiz Prado e da Luludi em frente à entrada da estação São Bento do Metrô. Fui alí, na Florêncio de Abreu, comprar umas ferramentas e fiz uma visitinha rápida aos amigos.
Já no piso de entrada das catracas ouvi gritos: ”Deixa eu passar. Quero meus direitos de ir e vir”
A cena: Um cadeirante sendo impedido pelo segurança do metrô de andar com a cadeira. "Você não pode!" Dizia o guarda nervoso. O ajudante do cadeirante reclamava também, muito nervoso: "Olhem isto! Que absurdo!” se dirigindo para uma pequena aglomeração. Ficaram bravos. O cadeirante sendo contido pelo segurança, se contorcia e dava murros na sua perna. O segurança, neste momento, deu um puta tapão na cabeça do cadeirante. O outro segurança ficou distante e conivente com o que estava acontecendo. Eu fui pra cima e fotografei tudo. Algumas pessoas com celulares gravavam a cena. Cheguei perto do ouvido do segurança (que deu o tapão) e gritei: Covarde!
O clima começou a ficar tenso e dei o fora. Um rapaz me deu guarita e desci as escadas pegando o Metrô no sentido Jabaquara.
Entre as pessoas que entraram, duas senhoras conversaram comigo sobre o incidente.
"O rapaz da cadeira que começou a agredir primeiro". Me disse a psicóloga que está passeando no Brasil. Ela vive em New Jersey, 35 km de Nova York.
Um segurança deve estar preparado para uma situação como esta. Não é justo bater em um aleijado. Argumentei.
A conversa foi esclarecedora do que não ví. Fomos papeando até a Estação Paraíso.
Lá ela também pegou a Linha Verde para a Vila Madalena. Sentamos juntos no banco para mostrar as fotos.
Sin tarjeta! Acusava o visor.
Resumindo. As fotos não existem.
Sábado de manhã fiquei encucado com a história e pedi uma ajuda ao meu amigo Laudo, cartunista de primeira, e contei a história. Ele fez esta ilustração.
Eu não podia deixar barato.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Algumas propostas sonhadoras para o Rio


Plano A

Propostas para a segunda década do milênio.
Convenção no Copacabana Palace - abril de 2010
Uma semana de encontros entre traficantes, polícia, usuários e aviões para discutir uma nova maneira de resolver os conflitos, prescedida de uma liberdade incondicional para todos os traficantes presos.

Abertura.
Palestra do presidente Lula
"Descriminalização da Cocaina, Crack, Maconha, Extase e outros derivados que fazem a cabeça"
Debatedores: Fernando Henrique Cardoso, Fernando Gabeira, Beira Mar e Mantega.
Oficinas: Certificação de drogas - Anvisa
Distribuição e comercialização - SEDEX

Palestras
Caco Barcelos - As vítimas do tráfico.
Paulo Lima - A cidade maravilhosa.
Jacques Wagner - Regulamentação da profissão de Avião
Show de encerramento - Banda do Zé Pretinho.

Plano B
Projeto Belvedere
Reurbanização de todas as favelas da zona sul.
Mapeamento, inventário e avaliação dos imóveis.
Indenização acima de 300% do valor atribuido por cada proprietário às suas moradias que serão demolidas.
Projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer para as novas edificações.
Investimento: Banco Mundial.

P.S. I have a dream




sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Kogen, Kanzeon e Buda


Uma escultura (busto) do Buda esculpida pelo Monge Kogen. Chegou em casa. É uma história iluminada. Conheci o Kogen quando fui fotografar o Mosteiro Zen Budista Morro da Vargem, em Ibiraçu (70 km de Vitória, na Margem da Rodovia BR 101). Junto com o jornalista Ademir Assunção fomos fazer uma reportagem para a Revista Marie Claire em 1993. Ficamos ali alguns dias e logo fiquei amigo do Kogen que estava iniciando na vida monástica. A reportagem foi publicada e recebeu um prêmio. Kogen se educou e se tornou monge em uma cerimônia no Japão. Trabalhou no mosteiro da Bahia, Mogi das Cruzes, São Paulo (Liberdade) e agora é o monge residente no templo Kinkakuji em Itapecerica da Serra - 40 km de São Paulo. Kogen fez diversas esculturas búdicas para o mosteiro Morro da Vargem. Em 2003 foi para o interior do estado da Bahia escolher um tronco de jequitibá para esculpir a Kanzeon de 11 faces. Ficou nesta empreitada 6 anos e no final do inverno e início da primavera de 2009 a escultura de 2,5 m ficou pronta. Fomos lá eu, Samuca e o Mario fotografá-la. Samuca preparou seu melhor equipamento de luz, Mario ajudou na assistência.
Fizemos diversas fotos de vários ângulos da Bodisatwa da Compaixão. Kogem escolheu estas duas fotos ai de cima e a de baixo é o Buda que ele me presenteou.
Minha casa está iluminada

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PROFISSÃO DE FEBRE


Ademir Assunção é um grande amigo e companheiro de muitas reportagens. No dia 30 de setembro – para convidados, vai ser aberta, no Instituto Cultural Itaú, em São Paulo, a mostra Ocupação Paulo Leminski: 20 anos em outras esferas. Ele é o curador e diz: “Lemiski é poeta todo tempo. Escrevia alguns de seus poemas em guardanapos de bares (depois disciplinadamente passava a limpo) erudito, conhecedor de várias línguas e faixa preta de judô” Somos vizinhos. Ademir mora no apartamento do térreo em um prédio de dois andares. Confortável. Anos 50.
Venho acompanhando seu trabalho sobre a mostra quase que desde o começo do projeto. Aliás, conheci Lemiski fazendo uma reportagem para o Estadão em 1986, junto com o Ademir. Esta foi uma das fotos que ocupou quase a página inteira da capa do Caderno 2 do dia seguinte.
Ontem fui tomar um café com o Ademir que me contou as estratégias da mostra, as disposições, os poemas e folheava cadernos originais. Inclusive o caderno com as anotações que deram origem ao livro Catatau. Para Ademir é “Um dos melhores livros da literatura Brasileira”.
Entre ferver a água, coar o café, saboreá-lo e conversar, li vários poemas e escolhi este para abrilhantar estas páginas e excitar meus poucos e queridos leitores a verem a mostra. Na abertura do dia 30 de setembro de 2009, terá uma leitura de poemas dele, com Alice Ruiz, Áurea Ruiz Leminski (filha deles), Mário Bortolotto e Ademir Assunção. Vários eventos integram a programação.

Profissão de febre

quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento

domingo, 20 de setembro de 2009

Mister Bin - O Rei do Terreiro


Mister Bin

Numa das idas de São Paulo para Camburi passamos pela loja de produtos agrícolas em Mogi das Cruzes e compramos um galo bonito.
Desceu a Serra do Mar numa caixa de papelão cheia de furos para poder respirar. No caminho Manuel disse o nome dele Mister Bin e assim ficou.
Chegando em Camburi soltamos Mister Bin no galinheiro junto com outras galinhas já residentes e ele foi se enturmando. Passados alguns meses... Ele já tem outros filhos na redondeza (me afirmou o Ravelli que cuida do sítio).
Hoje pela manhã fui sentar ali na beira da Casa do Índio para apreciar a paisagem e ouvir a sonoridade do início da primavera. Ele veio andando vagarosamente até a uma distância que pode me ver e prescrutar. Também fiquei prescrutando-o. Por alguns minutos ficamos nos admirando e fui buscar a máquina fotográfica. Ele continuou prescrutando. Sentei na cadeira e esqueci que a máquina estava sem o cartão. Voltei, peguei o cartão coloquei e ele ficou quieto esperando. Fiz várias fotos de ângulos diferentes de sua majestade o Rei do Terreiro.
Quando ele se deu por satisfeito chacoalhou o corpo, coçou as penas e se posicionou altivo. Fiz mais uma foto. Ele deu uma volta e foi ciscar junto com as galinhas

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Amilca e sua roupa de domingo



Ela nos finais de semana se veste e coloca um chapéu para ficar mais bonita ainda. Se quizer vê-la vai ser preciso ir até o Sertão do Camburi, na Rua Afranio Costa Neto (seu finado marido), esquina com Rua Saíras. Ficou viúva. Pretendentes se aproximaram e um foi eleito. Durou pouco. Me disse que quer um homem melhor do que ela. Ela é sensacional!
Sempre vou visitá-la nas minhas idas ao Sertão. Um café, prosa das melhores ao lado do seu jardim. Lá no fundo coberto pelas folhas pontiagudas vai se desmanchando o carro em que o Afrânio se espatifou na volta do Sertão do Piavu num início de noite de junho. Foi.
Outro homem especial. Afranio construiu minha Casa do Índio. Dizia que um dia cheguei com umas fotos e disse: Eu quero que você construa uma casa igual a esta!



É esta aí.

Ali com o Monge Koguem, conversamos sobre os portais búdicos, com o Egberto Nogueira cantamos "A copa do mundo é nossa!" e debaixo da jaqueira fazemos fogueiras pra modo de conversar melhor. Zito e Mônica são vizinhos. Em junho homenageamos o São João.
Amilca tem planos de escrever um livro e me conta que está parada por causa dos tropeços. Vestiu uma roupa de domingo e posou.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Curva do Rio


Ribamar Pereira é pernambucano, de Exu, terra do Luiz Gonzaga. Sua família de lá, está no poder desde 1949. Explica que a tática é alimentar e embriagar os eleitores. Matar uns quatro bois. Não ter miséria nesta hora. Também não fazer corrupção.
Ribamar mora e tem sua praça - mercado de trabalho, nas redondezas da minha casa, na Pompéia, em São Paulo. Ele faz serviços gerais de eletricista e encanador.
Hoje de manhã me viu logo que entrei na Rua Barão do Bananal, vindo da Rua Cajaiba e esperou na esquina do Bar do Sr Francisco - o melhor frango assado do domingo. Fomos conversando até o ponto de ônibus da Av. Pompéia. Às vezes o bumba que eu pego demora um tempão e foi o caso de hoje. Ribamar fez seu discurso contra a lei que autoriza o uso do moto taxi em São Paulo atribuindo a culpa ao Lula. Falo da minha admiração dos resultados do governo Lula. Ele concorda dizendo que a maior parte dos brasileiros está sem dinheiro. Contra argumento baseado no depoimento que o James Quigley deu para o Estadão afirmando que o Brasil é o mais irresistível dos BRICs (Brasil, Russia, Índia e China). Digo que cabe a nós arrumar o dinheiro por que perspectivas têm. Ele sorri e continua no discurso do moto taxi. Mudo de assunto e falo da nova confeitaria que vão abrir na Rua Cajaiba com Barão do Bananal. Ele diz que naquele buraco do mundo nada prolifera falando dos "curva de rio" que freqüentam o Bar da Tia.
Que é curva do rio?
- Curva do rio é quando você vem de barco e não consegue fazer a curva e se estrepa na margem. É onde fica depositado o lixo que vem do rio acima!

O bar da Tia é um botequim que tem na Rua Cajaiba quase esquina com a Rua Raul Pompéia (aquele que escreveu O Ateneu). Alí tem uma mesa de sinuca e cachaças que estão nas prateleiras ha mais de 30 anos sem sair do lugar. Mas se precisar ir no banheiro vai ver uma cena mais parecida com instalação de bienal do que com wc. Até chegar na patente vai atravessar um universo de trecos.
Eu gosto do bairro. Ele também.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dedo sujo


Um show o espetáculo verbal no senado. Ótimos atores e texto sintético.

Mas cá pra nós. Que merda heim?

sábado, 1 de agosto de 2009

Sortilégios da Natureza







Em setembro de 2006 fui conhecer a nascente do Rio São Francisco. Já conhecia algumas partes do rio. Em 1976 viajei pelo vapor de Januária até Juazeiro, depois fui até Penedo e visitei a foz do rio da integração nacional junto com o repórter Jotabê Medeiros. Fomos fazer uma reportagem sobre o Barão do Penedo e nosso barco ficou sem óleo diesel e andou alguns minutos a deriva quando uma canoa cheia de lindas garotas nos salvou e ainda tinham cerveja a bordo.
Mas os sortilégios se manifestaram nesta visita à nascente. No dia que cheguei uma grande queimada calcinou toda a vegetação ao lado da nascente que foi salva por água jogada por helicóptero. Estas queimadas normalmente são espontâneas e outras vezes criminosas. Esta de 2006 foi espontânea. Consegui entrar na reserva por ser jornalista e resultado de uma conversa com o engenheiro responsável da reserva. Fiquei só, naquela imensidão queimada. Fiz algumas fotos que pretendia futuramente fazer uma panorâmica. Ficaram guardadas estes anos e aprendi agora, na semana passada, quando o Vitor Novais esteve em casa e me ensinou.
Quando saia do parque o vigia me chamou e disse: “Volta daqui um mês que você vai ver tudo florido”.
Voltei e de fato estava tudo verde e florido.
Confiram nas duas fotos
A queimada foi no dia 16 de setembro e a toda verde no dia 20 de outubro de 2006. Sortilégios.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Raulzito















O Maluco Beleza povoou meu imaginário muito tempo. Suas letras, sua música, sua postura me deixavam ligado. Toda vez que ouço Ouro de Tolo me lembro de uma pequena cobertura que eu alugava na Rua do Carmo em Salvador, perto do Pelourinho. De tarde o por de sol esquentava e acalentava minhas tardes de novo amor. Meu primeiro casamento. Em 1971 ouvia esta música no radinho de pilha sintonizado na Rádio JB do Rio de janeiro (Era uma emissora que oxigenava aqueles duros anos de ditadura) .

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...


Fiquei alí pela Bahia uns três anos. O amor acabou (esgotou o prazo de validade). Mudei de praia, Um pit stop em Ouro Preto e dalí fui para Porto Alegre onde fiquei amigo de um monte de magrinhos. Depois de nove meses de sul brasileiro me mudei para Brasília para estudar antropologia. No restaurante da 312 Norte, onde duas negras serviam uma comida gostosa, tinha uma máquina de tocar discos (jukebox). Pagava para ouvir Metamorfose Ambulante

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor


Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator


E várias outras músicas me ocuparam. O primeiro show que vi foi no Festival de Rock de Iacanga nos anos 80. Raul chegou pela madrugada e bateu forte. Alguns anos depois eu e o repórter Ricardo Soares entrevistamos o Paulo Coelho num daqueles botecos da Rua Augusta perto da Av Paulista. Conheci o mago.
Raul havia mandado e estava mandando todas. Foi perdendo o vigor físico.
Em 1987 quando fiz estas fotos para o Caderno 2 Raulzito estava lançando o LP Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum

Mamãe, não quero ser prefeito,
pode ser que eu seja eleito
e alguém pode querer me assassinar.
eu não preciso ler jornais,
mentir sozinho eu sou capaz,
não quero ir de encontro ao azar


Fomos eu e o repórter Ademir Assunção na casa dele que ficava no Butantã. Imagina acordar um cantor de rock as 11 da manhã. Tudo por causa do dead line do jornal que era às 14 h. Fiz várias fotos e voltamos para o jornal. Algum tempo depois me chamam no laboratório e dizem que os filmes velaram no laboratório. A barrica esfriou, veio uma onda de revolta mas o pensamento Zen tomou conta. Liguei pro Raul e ele concordou com novas fotos. Estava só, em casa. Acho que foi melhor.
Já encontrei muitos sósias do Raul por estas perambulações pelo Brasil e toda vez que ouvir a música Metamorfose Ambulante vou lembrar do som da juke box da 312 norte de Brasília. Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Em 21 de agosto de 1989, dois dias depois de lançar o LP a Panela do Diabo, Raul Seixas morreu vítima de um ataque cardíaco. Como dizem muitos dos seus sósias e fãs “Raul vive!” mesmo passados 20 anos.


sábado, 25 de julho de 2009

Adriana Silva veste Marilia de Dirceu


Obstinação foi a palavra que possibilitou nossa aproximação e conhecer o universo íntimo de Adriana a “Marilia de Dirceu”. Desde 2005 Adriana incorpora e se veste como a personagem da Inconfidência Mineira, passeando pelas ruas centrais de Ouro Preto com roupas de época. Marília de Dirceo é a obra poética mais conhecida do ouvidor e poeta Tomaz Gonzaga. Foi publicada em Lisboa -1792, quando o inconfidente partira para o exílio em Moçambique. É dedicada à sua noiva Maria Dorotéa Joaquina de Seixas.
O encantamento de Adriana por Marília ocorreu nas primeiras aulas de história do Brasil no capítulo da Inconfidência Mineira. “Fiquei emocionada e tocada pela intensidade do movimento político que ocorreu em Vila Rica”. Desde então a trajetória da carioca (de Copacabana) Adriana Silva de Andrade Souza se desenrolou como o passar de páginas de um livro.
Filha de pai diplomata e bancário,mãe bailarina, Adriana teve uma educação refinada. Estudou ballet clássico desde os três anos de idade, somando a seu repertório educação corporal e outras formas de dança: moderna, folclórica e flamenca. Estudou piano e teoria musical. Em Juiz de Fora frequentou parte do curso da Faculdade de Bioquímica na Universidade Federal. Fascinada por Ouro Preto, transferiu sua matrícula para a faculdade de Farmácia em 1977, mesmo ano em que fundou a primeira escola de ballet clássico da cidade “La prima Ballerina”, com mais de três mil alunos no seu curriculum.

“Marília de Dirceo”

Espiritualista, Adriana quase tem certeza que participou de algumas das reuniões dos inconfidentes dizendo que por isso coube a ela retratar a história através do vestuário, palestras e cafés literários em sua casa-museu na Rua Getúlio Vargas na Vila Rica (Ouro Preto). Transferir, re-viver a história de uma das personagens da inconfidência faz com que todos os dias faça reverências a estes personagens na Capela dos Santos Anjos que fica no porão de sua casa-antiquário com móveis e objetos da época. “Todos funcionam”, diz orgulhosa. Na parede ao lado a bandeira de Minas Gerais e um pôster de Tiradentes criam outro ambiente de reverência. “Em Ouro Preto todos contam a história da arquitetura do século XVIII e poucos dão importância para a história vivida. Cabe a mim esta tarefa e faço isto por gratidão a estes maravilhosos personagens.”
Lágrimas descem dos seus olhos ao se referir ao pouco caso com que é tratada pelos produtores culturais de Ouro Preto. “Nunca me chamaram para nada. O que me impulsiona a continuar neste trabalho são as homenagens que recebo quando faço palestras e também o aplauso dos turistas que vêm a Ouro Preto.”

Na casa antiquário Adriana espera pelo Dirceu

Sua casa tem nove cômodos com objetos e utensílios do século XVIII. É considerada como tendo o maior acervo particular da cidade. Todos os objetos têm a origem documentada e foram adquiridos no Rio de Janeiro e São Paulo. Camas francesas, móveis com tampo de mármore Carrara, a réplica de um telefone usado por D Pedro II e que funciona. E uma Maria Chiquinha – móvel do século XVIII utilizado para a higiene corporal. Fora os móveis Luiz XV, binóculos franceses e sombrinhas que ela constrói e estão dispostos entre outras preciosidades. No guarda-roupa, mais de 50 vestidos prontos para o uso “lavados e engomados”, idealizados por ela e confeccionados aa principio pela costureira Maria Monteiro, que mora no vizinho bairro do Pilar e atualmente são feitos pela modista Noézia. Estes vestidos podem ser alugados para que pessoas (adultos e crianças) possam ser fotografadas como se fossem daquela época.
Diferente do tratamento dado pelos promotores culturais de Ouro Preto, Adriana , a Marília de Dirceu fez palestras em várias cidades, recebeu homenagem em São João Del Rey e Tiradentes e espera a chegada de um Dirceu que, de preferência, venha numa carruagem pelas ruas de Vila Rica, a leve ao altar e revele:
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela! (Tomaz Gonzaga)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vila Rica

Conheci uma senzala em Ouro Preto e soube que a vida útil de um escravo não passava de 7 anos. Porcos viviam melhores. O ouro era a moeda de troca. No auge, a cidade tinha mais habitantes que Londres. Neste inverno o festival homenageia o Clube da Esquina e encontro amigos no frio úmido da época do ano. Novos projetos, novos caminhos surgem como perspectivas de vida. A cidade respira inconfidências e Marilia de Dirceu (outra personagem incorpora sua personalidade) caminhando pelas ladeiras e becos da cidade se comunica com a linguagem da época oitocentista.
Do alto do Morro de São Sebastião vejo o nascer e o por do sol na mesma posição geográfica dos primeiros habitantes da região.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Peugeot, mãos e Living Theather, entre outras.


Mais uma vez na estrada

Abri as gavetas, separei das pastas,arrumei e organizei os cromos. Depois digitalizei e junto com outras coisas cai na estrada.
Numa quinta feira, ao meio dia, peguei a Rodovia Fernão Dias e de noite chegava em Belo Horizonte. Família me esperando, cervejas e abraços. Estou de férias do trabalho regimental.
Fico em Belo Horizonte alguns dias fotografando a cidade que passa por uma mudança urbanística na Av. Antonio Carlos. No sábado de manhã, andando pelo centro e fotografando seus ícones para agencias de fotografia, passo em frente Ed. Levy onde morou os Borges (Lô e Márcio) e foi local do início da parceria com Milton Nascimento e deu no que deu: Clube da Esquina. Subi no topo do prédio e de cima fotografei os 360 graus da ensolarada paisagem das alterosas.
O Mercado Municipal fica logo ali em baixo e lá uma porção de freqüentam o mercado na socialização do fim de semana. Os pequenos bares abarrotados de gente que cantam parabéns, vendem bilhetes de loteria, divulgam doenças femininas e muitas especiarias mineiras. Saímos embriagadinhos da silva.
No domingo às 5 da manhã acordo e levo meu Peugeot flex para a feira de automóveis do Mineirão. Preciso vendê-lo. O salário não deu pra pagar as contas. Ainda no sol nascendo estaciono na vaga junto com outros carros de meu irmão. Os fregueses chegam depois das 8h. Enquanto isso vou dar uma banda nas proximidades e fotografar. Na placidez da água da lagoa da Pampulha - caminho pela margem procurando um bom ângulo para fotografar a Igreja. Obra de três grandes artistas: Oscar Nyemeier, Candido Portinari e Juscelino Kubistcheck e que tanto deu no que falar logo depois de sua inauguração (ficou anos proscrita pelo bispo mineiro que considerava sua arquitetura agressiva para os princípios católicos). É encantadora sua arquitetura e murais. Em uma posição privilegiada de ver a igreja encontro João Martins, funcionário de uma empresa que produz cimento para construções e é o responsável pelo painel de controle do enchimento dos caminhões betoneiros. Pergunto se é para ver a beleza da igreja. Ele nem sabe de quem é. “Venho aqui pra pescar e espero tirar uma boa tilápia. Vi a televisão que pescaram uma de seis quilos”.Apostava forte com três varas de pescar na espera.
Contei pra ele a origem e a história da igreja e continuei meu caminho.
Na volta, para a minha vaga na feira, rodeio o Estádio Mineirão e fotografo o lado externo. Daqui há 5 anos vai ser palco de alguns jogos da copa do mundo de 2014.
A manhã corre modorrenta e poucos interessados no meu “leãozinho”. Volto pra casa como na canção de Caetano sem ter vendido nada na feira.
Tenho um encontro com amigos. Flavia Bizzoto está abrindo uma galeria de fotografia na Savassi. Ficou encantada com o portfólio que levei. Uma boa noticia na tarde de domingo.
No início da noite vou para o alto da Av. Afonso Pena fazer fotos noturnas. O frio seco da época, nas proximidades das montanhas de minério de ferro, pede uma casaco aconchegante. Muitas pessoas esperam ali um espetáculo teatral enquanto a noite vai chegando e as exposições fotográficas exigem mais tempo de abertura do diafragma.

Chegou segunda-feira e saio para outras fotografias. Entre estes atos, nas noites e madrugadas bato nas teclas e-mails e organizo a mostra que vou fazer em Ouro Preto na abertura do Festival de Inverno.
Em 1971 junto com o jornalista Fernando Brant, fizemos uma reportagem com o Grupo Living Theater - fomos os únicos jornalistas a ver e fotografar a montagem da peça Big Mother que eles apresentaram junto com as crianças do grupo escolar de Saramenha - cidade vizinha de Ouro Preto. A reportagem foi publicada na revista O Cruzeiro em junho de 1971. Logo depois o grupo foi expulso do Brasil por porte e uso de maconha. A história é mais longa.
Vou mostrar este trabalho com o som de um duo de voz e violão. Algumas destas fotos ilustram o livro “O diário de Judith Malina”. No dia seguinte será a vez do áudio visual Mãos. Em 1974, durante o festival de inverno, fotografei as mãos dos artistas, alunos e participantes. Fiquei um mês fazendo este trabalho. Agora vou exibir a montagem original com uma nova animação e trilha sonora que está sendo criada pelo Vitor Novais.
As projeções serão no inicio da noite na parede da Escola de Minas, ao lado da praça Tiradentes. Apareçam

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Alguém conhece a familia do Demetre?













O Grego forjador Demetre Jean Pilicho morreu fazem meses, me informa o jornalista Wilson Prado do jornal Folha de Romaria, querendo saber se ele tinha parentes e/ou herdeiros, porque o promotor que atua em Monte Carmelo – cidade vizinha de Romaria apossou de seus bens.

“... o promotor que atua em Monte Carmelo, Hamilton Pires Ribeiro, filho do Augusto Pires, apossou-se dos bens do grego. Como dois bons imóveis e mais todas as ferramentas dele. Disse que comprou da família.
Você sabe se ele tem parentes?
Viu lá alguma carta de parentes dele?
A população quer que o jornal investigue e não possui informações...”

Neste blog tem uma postagem contando um pouco de sua vida publicada em 18 de outubro de 2007. http://caxiuna.blogspot.com/search?q=forjador

Na ocasião entrevistei o Demetre. Fui na sua casa, e fotografei alguns de seus documentos que podem ajudar nesta investigação e os enviei para a Folha de Romaria.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A noiva do segundo andar


Estava planejando escrever sobre os fantasmas da Câmara dos Vereadores de São Paulo, não dos funcionários e sim dos do outro mundo, das almas penadas. Mas pensando bem é melhor deixá-los vagando. Até comecei a pesquisar o por quê. Meu amigo Hespanha contou que onde hoje está o prédio da Câmara foi um cemitério indígena e que, tempos atrás, na Rua Santo Antonio, que fica na vizinhamça, um português matou barbaramente toda a sua família.

Os jornais da época mostram fotos do uso do heliporto da Câmara como ponto de apoio para os helicópteros que faziam o socorro das vítimas do incêndio do Edifício Andraus.

Um dos oficiais militares que fazem a segurança define a existência deles em decorrência da enorme quantidade de velórios de políticos e autoridades realizados no Salão Nobre.
Agora ha pouco o Soares, garçon que serve o cafézinho matinal, disse que já viu muitos quando eles dormiam no oitavo andar. Pedi ao Soares que definisse como eram. "Como é que você levanta da cama? Explicando: A gente pra levantar da cama bota os pés no chão, levanta e sai andando. Eles não. Saem da cama levitando e voam em direção da porta ou das janelas"

Pela manhã um faxineiro, limpando a porta do elevador, respondendo a minha curiosidade disse que, quando trabalha no período
Dona Antonia, a chefa da faxina, trabalha desde 1970 na casa, relata visões do segundo andar. O fantasma é o de uma noiva que foi abandonada no altar e morreu de desgosto. Pensando melhor vou deixar estes fantasmas na deles aceitando o conselho de muito tempo atrás, quando. em Ouro Preto, na Praça do Chafariz, perto da Casa dos Contos, um morador aconselhou: "Se de noite você ver um assombração na sala da sua casa o melhor é fazer de conta que não viu". Então, diante de toda esta argumentação, me esquivando de assunto tão austero e fugaz vou ficando por aquí.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Portais búdicos

Monja Coen fará o prefácio.

Nos preceitos búdicos o portal de um Mosteiro Zen não tem chave. Você pode entrar e sair quando quizer.

Conheço Kogen há muitos anos desde quando fui, junto com o jornalista Ademir Assunção, fazer fotos para uma reportagem da Revista Marie Claire no Mosteiro Zen Budista Morro da Vargem -1993, Em Ibiraçú, no Espirito Santo http://www.mosteirozen.com.br/. Desde então ficamos amigos. Voltei fazendo fotos para o livro comemorativo dos 25 anos do mosteiro. Depois batizei o meu filho Manuel e desenvolvi o workshop Fotografia e o Zen.

Nesta última terça-feira encontrei com o Monge no Metrô Vila Madalea, pegamos uma chuva fina e fomos encontrar a Monja Coen http://www.monjacoen.com.br/ para entrega dos originais de seu livro Portais Búdicos. Alí Kogen escreve sua tragetória pessoal e búdica. A Monja Coen fará o prefácio.

Monje Kogen e Monja Coen



Em algumas visitas que fez à minha casa, em Camburi, Kogen escreveu alguns trechos. Conversávamos sobre o livro, a vida, as mulheres, o trabalho, Jung, Carlos Castanheda... e da importância de se ter um mestre. No início de 2008 me ligou pedindo para fazer a foto da capa do seu livro. Fui, com o Manuel, encontrá-lo em um pequeno mosteiro nas proximidades do Pico das Agulhas Negras.


Na madrugada do dia seguinte subimos até o cume e lá fizemos o ensaio, nos primeiros raios do sol.



Pico das Agulhas Negras

Nos proximos meses o livro vai ficar pronto e disponível para os interessados nos Portais Búdicos.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Virginia - A pretinha



Não me tomem por preconceituoso no uso do adjetivo pretinha. É só uma forma carinhosa de indicar a Virginia, esta da foto. Ela, com freqüência, durante muitas e muitas sessões na Câmara dos Vereadores ocupava uma cadeira, ora no Salão Nobre, ora no Plenário, ora no Plenarinho e ficava ali ouvindo e algumas vezes arriscou comentar e argumentar. Como tenho uma predileção pelas pessoas diferentes fui observando suas atitudes e posturas. Um dia perguntei quem ela era.
Me disse: Meu pai é diplomata.
De onde?
Ele é juiz!
Parou por ai a conversa. Admirava sua assiduidade na casa do povo paulistano. Meus colegas torciam um pouco o nariz pela minha simpatia e argumentavam que ela não batia bem da cabeça.
Como a casa é do povo e no povo tem gente assim porque não ela também?
No mês passado quando saia da sala para mais uma pauta ouço choro e vozes altas na porta do elevador do segundo andar. Minha pretinha, rodeada por dois policiais militares, era escoltada e "convidada" a se retirar da casa.
Perguntei para diversas pessoas o que aconteceu e cada um contava uma história.
Ela morava com 8 irmãos numa casa no Jardim Ângela, Ela dizia que era funcionária da SABESP. Ela dizia para visitantes da Câmara que trabalhava no Cerimonial. Ela dizia que era casada com um dos repórteres da TV.
Naquele dia os dois policiais levaram a Virginia para a Delegacia porque um dos funcionários da casa se sentiu ofendido por ela e fez um BO na delegacia e lá foi minha pretinha falar com o delegado. Ficou internada um mês em um hospital psiquiátrico. Ontem ela reapareceu e, na frente desta foto do Sebastião Salgado que mostra um campo de refugiados na África, fiz a foto.
Perguntei o que tinha acontecido. Ela me contou que ficou internada e agora faz defesa pessoal numa academia de ginástica. Quer ser policial.

Boca do Acre


Ontem visitei a Pulsar - agência de fotografias. Enquanto, junto com o Delfim, identificávamos novas fotos que fiz e eram acrescentadas ao banco de imagens da agência. Na mesa ao lado, Luis Dávila e Laura conversavam projetos de novos produtos. De repente falaram da foto Hotel Romance e minha parabólica pessoal antenou no assunto. O hotel fica em Boca do Acre, cidadezinha no interior do Amazonas, a mais próxima do Mapiá (centro do Santo Daime). Luiz argumentou que o hotel não só oferece a hospedaria mas um romance, muito mais do que uma tranza e propunha que imaginássemos o que vem depois desta porta.
É só abrí-la.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Di Cavalcante e o sanfoneiro


Em homenagem a imprensa Di Cavalcante realizou este mural feito de pastilha de vidro na fachada do prédio que foi a sede do jornal O Estado de S. Paulo. Ontem, naquele início de frio do outono o sanfoneiro mandava uma música de Luiz Gonzaga, talvez, defendendo o jantar daquele dia.


sexta-feira, 29 de maio de 2009

A luta é contínua!


Quem diria que eles poderiam comemorar, no salão nobre da Câmara dos Vereadores, o cinqüentenário? Nos anos tortuosos da ditadura foi muita porrada do lado dos donos do poder e muita solidariedade dos movimentos sindicais. Muita articulação, companheirismo e obstinação. Caminhando e cantando vi muitas manifestações a favor de um país democrático. Senti o cheiro acre e corrosivo das bombas de gás lacrimogênico o estouro das bombas de efeito moral e amigos indo pro DOPS. Eu nunca levei porrada de policiais. Por ironia, em 1989, levei uma porrada no pé do ouvido, de um sindicalista que veio por trás. Fazia uma reportagem de uma eleição no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo para a Folha de S Paulo. Outro deles puxou minha máquina fotográfica e danificou o pentaprisma. Na saída um outro foi atingido com um tiro e ficou no chão. Levei-o ao hospital mais próximo no carro do jornal e ainda levei bronca do motorista, pois seu carro ficou sujo de sangue. Não tinha como fotografar o acidentado pois a máquina parou de funcionar. Hoje comemoraram o cinqüentenário do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ouvi todos os discursos e me emocionei com a luta deles. Afinal elegemos um presidente metalúrgico que mudou os destinos econômicos e sociais do Brasil. Feijóo, ex-presidente do sindicato falou e disse: A luta é continua!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Lado Leste


Este é o lado leste de São Paulo, visto da janela do restaurante do Joquey Clube. Dá pra ver, na extrema esquerda. o Ed São Vito. Um cortiço na vertical, um pouco à direita a antiga prefeitura e o terminal de ônibus do Parque D. Pedro. No fundo a Zona Leste. Outono de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Kanzeon


No Vale dos Templos (Kinkaku-ji), em Itapecerica da Serra , 50 km de São Paulo, o monge Kogen Gouveia está esculpindo o Kanzeon de 11 faces em um pedaço de 2 metros do tronco de um jequitibá, com mais de 400 anos, que veio de Camacã, 510 km de Salvador, no estado da Bahia (set 2007)


Maio de 2009. A cabeça e parte do corpo já estão finalizados. Um composto especial proteje a madeira dos ataques de cupins. Mais alguns meses e a Kanzeon vai ter um templo.
Kogen finaliza também o livro Sinais do Zen onde narra sua trajetória desde o tempo em que pedalava uma bicicleta russa pelos morros da Tijuca no Rio de Janeiro. A iniciação no Mosteiro Zen Morro da Vargem. Depois curso de escultura e residência em um mosteiro no Japão.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Só vai piorar


Eu sou um oimista convicto mas em relação ao trânsito de São Paulo, do Brasil e do mundo tenho uma péssima notícia. Só vai piorar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mendigo da Rua Maria Paula


Ele equilibra moedas
Eu passo observo e fixo
No fundo do prato um cauboi
Sutilezas.