sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um vizinho ilustre


No início da primavera, chegando à tarde em casa, o (a) vi pegando galhos no jardim. Nunca tinha visto um pássaro branco parecido com um sabiá. Ele vou prali, depois prá lá, pousou na palmeira e revoou nas redondezas. Ele tem passado por aqui sempre. Acho que escolheu este território – vou chamar ele porque ainda não se é macho ou fêmea. De manhã os sabiás, na falta de galos, são os primeiros a cantar. O Temajo esteve por aqui e disse que era um sabiá-albino, gosta de minhocas e é repelido pelos outros sabiás pela sua cor. Não acreditei. Mas amansou minha curiosidade momentaneamente. Consultei um amigo ornitólogo e ele ainda não me respondeu. Deve estar passarinhando. Fui no Google e tinha esta notícia: SÃO PAULO - O ornitólogo Johan Dalgas Frisch conseguiu fotografar em São Paulo um raro exemplar de sabiá-laranjeira semi-albino. Para o especialista, a descoberta é como um presente de Natal antecipado para a cidade, já que esse tipo de pássaro dificilmente é visto. Exemplares totalmente albinos, segundo Dalgas Frisch, são mais comuns, mas só são vistos ao raiar do dia.

O mais importante é que tenho um vizinho ilustre.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tecendo a Manhã (para o segundo turno)


"Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro: de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão".

João Cabral de Melo Neto


Ontem o prof. de redação publicitária apresentou este texto na ECA-USP.
Como ele mesmo disse: É um texto do caralho.