sexta-feira, 27 de março de 2009

Apagando as luzes















fotos: WWF Brasil/Juvenal Pereira

Ontem fui fazer um frila para a WWF e fotografei alguns monumentos de SP com as luzes acesas e depois apagadas: Ponte Estaiada, Obelisco, Munumento às Bandeiras (empura empurra) e Pacaembu. Uma logística eficiente para tudo dar certo. Um momento solene foi no crepúsculo Nós no alto da torre ao lado da ponte estaiada esperando o momento.
Vejam nas fotos e amanhã desliguem as luzes das 20 às 21h em pról do planeta.

Todo mundo vai ao circo





Um dos vereadores que admiro é Agnaldo Timóteo mesmo que, de vez em quando eu me assuste com suas declarações. Mas sua espontaneidade, sua maneira de lidar com o público, sua postura nas seções da Câmara dos Vereadores e seu vestuário me atraem.
Normalmente os vereadores têm uma postura meio clássica. Terno e gravata e etc.
Agnaldo sempre aparece com uma roupa diferente no corte, na cor e no modelo. Tem seu estilo. Gostava muito da Soninha, também pela sua maneira de ser diferente e pessoal. Nenhuma outra é igual.
Agnaldo outro dia comia uma banana - antes de iniciar a sessão no auditório Prestes Maia e quando estava fotografando disse. "Parece um macaco comendo banana não é?". Não me passava pela cabeça a crítica de sua atitude e o inusitado dela. Disse pra ele que sou seu fã. E a sessão teve início.

Ontem, no Salão Nobre da Câmara Municipal, Agnaldo presidiu a sessão solene em homenagem ao Dia do Circo. Soube que na Semana de Arte Moderna o escritor Mario de Andrade dedicou uma crônica ao palhaço Piolin (paulista de Ribeirão Preto) admirado pela sua habilidade cômica e de equilibrista. Considerado como o pai de todos do circo.

Agnaldo depois de todo o cerimonial da sessão, dos discursos e da entrega dos títulos foi para frente da mesa, contou uma fase do início da sua carreira - no circo e cantou, sem acompanhamento, o bolero Solamente una vez, de Agustin Lara justificando a sessão solene: “Quando tinha 12 anos, era comum o circo se instalar em minha cidade, em Caratinga, Minas Gerais. Eu cantava nos circos, por isso tenho uma identidade com a arte que já que vem há quase 60 anos... é muito tempo. Meus colaboradores sugeriram essa homenagem ao circo e achei maravilhoso”. Por enquanto ele é o meu ídolo mas a Câmara tem muitas histórias até a de um fantasma que anda pelos corredores.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Meu amigo Fernando Brant

Bituca, Brant e JK
Diamantina-MG, 1971

Hoje à noite vou ao SESC Pinheiros ver e ouvir meu amigo Fernando Brant tocar violão. Nunca ouvi ele tocar. Já ouvi cantando. Foi com ele que iniciei no jornalismo em 1970 na revista o Cruzeiro. Em depoimento dado ao Museu da Pessoa diz que cantar é um direito humano. Por que não? "Eu canto. Eu tenho um show com o Tavinho Moura. Gravamos um disco chamado “Conspiração dos poetas” e eu tenho achado ótimo, porque na realidade a minha aptidão era outra. Eu tenho um ouvido bom pra ouvir música e conseguir fazer as letras, mas o negócio de cantar... Porque a minha referência é o Bituca. Pro cara ser parceiro de um cara que canta daquele jeito, é um negócio meio danado. Até que num determinado momento, a gente estava em casa e ficava cantando e eu cheguei a conclusão: “Cantar é um direito humano”.
Vou rever o amigo.

Serviço
Os dois compositores mineiros Tavinho Moura (violão e voz) e Fernando Brant (violão), acompanhados pela cantora Mariana Brant, visitam várias de suas parcerias históricas, como "Gente que vem de Lisboa" e "Paixão e Fé", além de outros sucessos feitos com outros integrantes do Clube da Esquina, como "Milagres dos Peixes" (Milton Nascimento e Fernando Brant) e "Cruzada" (Tavinho Moura e Márcio Borges). Sala das Oficinas - 2º andar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dobras

Dobras do tempo

segunda-feira, 9 de março de 2009

No ar


Manhã
Sobre folhas de bambu
Orvalho.

No ar
antes de mergulhar

segunda-feira, 2 de março de 2009

Solo - Luiz Alfredo


Luiz Alfredo na vernissage de suas fotos no Museu Guignard em Ouro Preto
Foto: Neno

Em 1970 eu era um freelancer em início de carreira e fui cumprir pauta no Mangueiras – o restaurante/bar badalado em Belo Horizonte. Funcionou por muitos anos. Ficava em frente à Igreja da Pampulha. Estava fazendo uma matéria para o Diário do Commércio. Em uma das mesas o jogador Perfumo, recém adquirido para jogar pelo Cruzeiro Esporte Clube, dava uma entrevista para a revista O Cruzeiro. Fiz algumas fotos e o fotógrafo Luiz Alfredo me convidou para sentar. Ficamos ali trocando idéias e degustando um coquetel de camarão bancado pela revista. O fotógrafo da mais importante revista brasileira e eu o aspirante a. Luiz me falou de várias reportagens que fez dizendo ainda que já tinha ido até para a Russia. Fiquei só ouvidos. Me empolguei tanto que perguntei se podia visitá-lo na sucursal da revista. Ele disse que sim. Fui no dia seguinte. Dias depois estava frilando e o Luiz me apadrinhando. Me apresentou ao poeta Fernando Brant, aos fotógrafos José Nicolau e Eugênio Silva, aos repórteres Fernando Richard e José Franco que em 1963 ganhou o Prêmio Esso com a reportagem "Guapé será apenas um retrato na parede", contando o desaparecimento de uma pequena cidade do sul de Minas, inundada pelas águas da Barragem de Furnas.
Por termos quase a mesma idade fiquei mais próximo do Fernando Brant. Fizemos algumas matérias juntos. Nas horas vagas Fernando compunha letras para as músicas que o Milton Nascimento solfejava numa fita kassete. “Coração americano, acordei de um sonho estranho.” Depois do trampo frequentávamos o Saloom (um inferninho descolado de artistas mineiros). Fui apresentado e admitido no Clube da Esquina.
Luiz Alfredo é uma pessoa ímpar. Vivia as voltas com dinheiro (sempre falta). Tinha ganho uma bolada. Amarrou as notas com um barbante e ficou puxando o maço de dinheiro pela redação dizendo: “Agora fica correndo atrás de mim porque eu sempre fiquei correndo atrás de você!”. Segurando a ponta do barbante, arremessou o pacote pela janela e o puxou de volta, ou melhor, tentou, pois o barbante se rompeu e tudo caiu do sétimo andar, como chuva, sobre o telhado abaixo. Mais de 20% sumiram.
No inverno de 1971 apareceu na redação o repórter Leopoldo Oberest contanto uma história dos albinos de Alcântara e arrebatou o espírio aventureiro do Luiz Alfredo. Dias depois voaram para os Lençóis Maranhenses. “Em São Luiz pegamos um taxi aéreo e aterrissamos na areia das dunas dos Lençóis. O avião tinha a asa remendada, atolou e ajudamos o piloto a sair do atoleiro".
Na praia da comunidade de pescadores albinos fizeram a reportagem “Os filhos da lua”, publicada em várias páginas na revista O Cruzeiro. “Quando voltávamos da ilha encontramos o cearense Raimundo Silveira. O Leopoldo já o conhecia do Rio de Janeiro. Raimundo estava retirando metais nobres de navios afundados na costa maranhense.

Regendo o Lirismo - Guignard pintando Ouro Preto, foto de Luiz Alfredo

Perguntei ao Luiz quais foram as suas principais reportagens e ele citou quatro.

“Guignard: Quero viver e morrer em Ouro Preto”. Ele e o repórter José Franco passaram uma semana acompanhando o pintor Guignard nas suas perambulações pela cidade. Dando aulas abertas, pintando, conversando com crianças, passeando e nas serestas. Luiz diz que Guignard era um gênio, de formação erudita na Europa, mas com uma douçura e ingenuidade comparáveis ao jogador Garrincha. Por esta sua “deficiência” e já no adiantado de sua vida, era tutorado por pessoas amigas, sendo, à época da reportagem, o livreiro e colecionador de arte Samuel Koogan e sua esposa Janete que “protegiam” o pintor.” Regendo o lirismo” é o titulo que o Luiz deu, posteriormente, para a foto ai de cima. Ele narra um dos episódios da personalidade sonhadora do pintor:- “Guignard viu em uma das janelas de sobrado ouro-pretano uma menina de 14/15 anos. Ficou encantado e comparou-a com Marilia de Dirceu (personagem do livro do inconfidente mineiro, Thomás Antônio Gonzaga). Inebriado pela visão daquela adolescente comprou um lenço branco, agulha, um retrós de linha vermelha, foi para o hotel e bordou um coracão vermelho no lenço. Queria entregar para a moça. Criou um clima. Insistiu em entregar. A mulher do Samuel concordou em ir com ele até o sobrado. Eles contaram a história para o pai da garota que deu um esporro. Minha filha é muito jovem e não merece um velho. Naquela noite Guignard tomou todas”.
Três meses depois Luiz Alfredo voltou para Ouro Preto e fotografou o funeral do amigo e pintor no seu último passeio pelas ruas de Ouro Preto.

Como aventura a reportagem sobre o Parcel do Manoel Luiz foi a mais significativa. “Fui o primeiro fotógrafo a documentar o parcel. Eu me tornei fotógrafo mergulhador na marra. Fiquei quarenta dias a bordo do navio do Raimundo, com a assessoria do mergulhador e ator Arduino Colassanti”.

Esquadrilha da Fumaça foi a terceira. Para fazer a reportagem voou 28 horas, durante vários dias, nos famosos aviões T- 6 da antiga esquadrilha da fumaça, sobre o Rio de Janeiro, para reportagem comemorativa do quarto centenário da Cidade Maravilhosa.

Ainda no ciclo das aventuras a quarta reportagem foi a descoberta de uma caravela afundada em combate na Bahia de Todos os Santos, à época das invasões dos holandeses. Acharam um canhão de 1694. Para acentuar seu faro jornalístico diz: “A TV Globo foi em minha cola, mais de 20 anos depois, em três assuntos: Os Filhos da Lua, Parcel do Manoel Luiz e Caravela Naufragada na Bahia de Todos os Santos”. “Trabalhar com o Raimundo foi aventura em tempo integral. Depois que o Cruzeiro fechou, fiquei 15 anos com ele, não mais pirateando, mas como seu executivo em empresa de serviços submarinos. Mas como pirata não vive sem seu corsário, falimos todos, amem!”
Luiz Alfredo vive com sua inseparável companheira Aninha na Praia de Charitas, cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Ali guarda negativos e cópias destas e de outras reportagens.

Depois de muitos anos afastados fui visitá-lo em 1996. Me mostrou muitas fotos de suas reportagens. Organizei seus negativos sobre o Guignard, fiz cópias de contatos e ampliações. Ofereci para muitos lugares e foram adquiridos pelo Museu Guignard de Ouro Preto. A foto do inicio deste post foi feita no dia da vernissage da exposição das fotos do Luiz. Guignard ao fundo dá uma aura de celebridade ao meu querido amigo que, tempos depois, falou pra mim que nunca tinha ido para a Rússia.