domingo, 30 de março de 2008

Sapos cantando com Milton Nascimento


Logo que comecei no foto jornalismo meu primeiro parceiro foi Fernando Brant. Trabalhamos juntos na sucursal da revista O Cruzeiro, em Belo Horizonte. Brant me apresentou para os seus amigos: Milton Nascimento, Marcio Borges, Lô Borges e muitos outros. Bituca estava trabalhando o seu novo Long Play “Clube da Esquina” e o Cruzeiro propôs fazer uma reportagem com eles em Diamantina-MG. Como todos nós éramos durões de grana uma parte foi de carro com o Juninho e nós: Eu, Bituca e Lô Borges fomos de ônibus. Em pé, porque não tinha mais passagens assentados e precisávamos chegar lá no dia seguinte. Chegamos de manhã. Luiz Alfredo era o fotógrafo oficial eu fui de bicão, querendo aprender e fiz várias fotos que não foram usadas na reportagem publicada. Algumas foram utilizadas, muitos anos depois, no livro “Os sonhos na envelhecem” escrito pelo Marcio Borges. De repente elas, as fotos, caíram no domínio público, agora são utilizadas de várias formas e eu mesmo nem sei bem aonde e como. O Laudo desenhista de Histórias em Quadrinhos, um dia me procurou e mostrou seus trabalhos e pediu que fizesse uma ponte com o Marcio Borges. Ele queria desenhar uma HQ baseada no livro Os sonhos não envelhecem. Conversa –vai, conversa- vem, ele está publicando uma série de quinze páginas de HQ no site do Museu do Clube da Esquina: http://www.museudapessoa.net/clube/exp_hq.htm. Esta página ai em cima conta em desenhos como foi este encontro de sapos com o Milton Nascimento. Era de tarde e subimos no morro Sentinela para curtir o fim de tarde e o grande show aconteceu. Foi maravilhoso.

Todo mundo quer saber: quem é esta garota


Deu no Estadão "Todo mundo quer saber: quem é essa garota?".
Com o texto abrangente de Jotabe Medeiros o Estadão publicou hoje (30 março 2008) uma matéria de pagina inteira no suplemento Cultura com este título.
Além da narrativa de como foi construida a campanha "Quem é esta garota" inicialmente veiculada pela Agência BR Press, e depois abraçada por vários blogs e reportagens no Jornal O Tempo, de Belo Horizonte, no Diário do Comércio, de Recife, Jotabê faz um levantamento sobre fotos semelhantes e narra pequenas histórias de cada uma.
Liguei para o Guinaldo pensando que seria o primeiro a comentar. Ele ficou muito feliz. Disse que pessoas de várias partes do Brasil ligaram para ele comentando a notícia. Provavelmente depois desta veiculação suas fotos façam parte da Coleção Pirelli MASP de Fotografias.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Kazeon

Croquis da Kazoen e escultura em jequitibá

No Vale dos Templos (Kinkaku-ji), em Itapecerica da Serra , 50 km de São Paulo, o monge Kogen Gouveia está esculpindo o Kanzeon de 11 faces em um pedaço de 2 metros do tronco de um jequitibá, com mais de 400 anos.
Neste final de semana estivemos lá - eu, a Valéria Colela e a Angela Tostes que vieram do Rio de Janeiro, para fazer uma visita e ver como ele desenvolve escultura.
Kazeon já tem as formas mais definidas. Uma das 11 cabeças está pronta. Kogen finaliza a escultura de cima para baixo tendo como referência um croquis detalhado.
Devido à pouca largura do cerne do jequitibá e uma quantidade grande de madeira branca Kogen modificou o movimento do braço direito, deixando-o mais estático.

Seu livro "A ponte" está em fase de revisão e ainda sem data definida para ficar pronto. Ali relata um pouco da sua vida pessoal, as reflexões sobre a vida monástica, suas pedaladas pela cidade do Rio de Janeiro entre outras tantas coisas. Fez a iniciação monástica no Mosteiro Zen Budista Morro da Vargem, no Espirito Santo. Entre as muitas atividades do mosteiro fez diversas esculturas. Uma delas esculpida em um tronco de jaqueira: "Botisatwva da Compaixão" e pela sua beleza e grandiosidade o mosteiro edificou uma capela em sua homenagem. Depois passou um período no mosteiro de Mogi das Cruzes em São Paulo. De lá foi para o Japão aprimorar os conhecimentos de monge e fazer um curso de escultura. Depois viveu um tempo no sul da Bahia e lá descobriu este tronco de jequitibá que está esculpindo. Voltou para São Paulo e foi para o moseiro do bairro da Liberdade. Agora é o monge residente do templo Kinkaku-ji
Às vezes não diferencio o amigo do monge. Como amigos conversamos sobre tudo: arte, amores, trabalho, filho, mulheres e aquela imagem de um ser imantado, supremo é dissolvida. Ali na minha frente está um individuo como eu e muitos outros. Acrescido da sabedoria de tantas meditações.
Kinkaku-ji, Itapecerica da Serra - SP

"O portal de entrada em um mosteiro budista não tem fechaduras; é de livre acesso e de livre regresso: a fluidez do Caminho".






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domingo, 23 de março de 2008

Virus no meu blog

Um estranho no ninho faz comentário no meu blog, e se abrirem ele instala um vírus no seu comutador.
Quando aparecer algo assim:
See here or here - não abram.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Insulfilm no!


Valéria chegou do Rio e criou seu blog. Pode ser uma conversa fiada e/ou afiada.
Ontem foi dia de almoço fora e jantar em casa. Marina cuidou do peixe, um namorado. Peixe de águas oceânicas pescado pelo pai da Marina.
Vinho, conversas, e a criação do blog. Valéria vai fazer uma nota no seu blog contra o insulfilm, aquelas proteções no vidro dos carros para não se ver quem está dentro. “Porque acabou a paquera de automóvel” reclama.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Casa da Palmeira


Depois de um breve período sem local fixo, a Cooperartistas (Associação de Artistas Visuais do Brasil) vai se instalar na Casa da Palmeira na Rua Fradique Coutinho, Vila Madalena, em São Paulo. Ali, por muitos anos, foi o ateliê do escultor Gustavo Freiberg e a palmeira está lá faz 27 anos. Reina sozinha na região. Em dezembro fomos lá fazer um test drive. Encontramos o Gustavo retirando seus pertences. Os novos projetos de ocupação incluem um mutirão para "caiar", dar um tapa no visual para os futuros cursos, oficinas, palestras e também ações artísticas pela cidade de São Paulo, neste ano de Bienal que propõe o vazio. "Vamos enchê-la de arte",afirma Marcia Azevedo.

Ipoméia e outras seis


A mornig-glory at my window satisfies me more than the metaphysics of books (Walt Whitman)
Uma ipoméia na janela me dá mais prazer que a metafísica dos livros (tradução de Rodrigo Garcia Lopes)

A arquitetura da flor, as linhas das folhas e o alimento proposto pelos frutos compõem a síntese de um amplo ensaio fotográfico que realizei em parques, sítios e jardins de diversas partes do Brasil e será exposta no Grazie a Dio a partir do dia 25 de março. www.grazieadio.com.br/

quinta-feira, 13 de março de 2008

Quem é essa garota?


Até agora ninguém sabe e, na internet, tem uma rede de interessados em saber. Tudo começou com a nota “Negando a mão ao General de Plantão”, no blog http://www.picturapixel.com/blog/?p=1904. A foto é de Guinaldo Nikolaevsky, que fazia a cobertura fotográfica da visita do General João Batista Figueiredo (então presidente do Brasil, no regime da ditadura) para o lançamento do primeiro carro a álcool produzido pela Fiat em Betim-MG. Guinaldo conta ali sua aventura para a publicação da foto. Conheci o Guinaldo no início da minha carreira fotográfica quando fazia freelas para as revistas O Cruzeiro e Manchete, em Belo Horizonte no início dos anos 70. Depois o vi em várias ocasiões. Agora, com a divulgação da foto e o movimento desencadeado, retomamos contato.
A BR Press, site de notícias pela internet, criou uma campanha homenageando o dia das mulheres com uma pergunta “Quem é esta garota?”, traçando um perfil do Guinaldo e de como a foto foi feita, querendo identificar a garota pela sua bravura que representaria a vontade de muitos brasileiros contrários ao regime militar. A nota foi publicada em vários sites inclusive o do prestigiadíssimo Luis Nassif, com mais de 50 comentários.
Enquanto rolava toda esta movimentação, fui conversando (por e-mail) com o Cláudio Versiani (Espanha), Eugênio Sávio e finalmente cheguei ao Marcelo Prates que mora em Belo Horizonte e tem CDs com várias fotografias do Guinaldo, editadas por ele, para uma possível exposição fotográfica. Sugeri ao professor Rubens Fernandes Júnior, que é um dos curadores da Coleção MASP Pirelli de Fotografias, a análise das fotografias do Guinaldo para comporem a coleção. Ele concordou em avaliar. O Guinaldo passa por um delicado momento em relação a sua saúde.
Bertha Nicolaevsky, filha do Guinaldo, me deu autorização para apresentar as imagens aos curadores da coleção e em exposições no Brasil. Na próxima semana, os CDs com as fotografias do Guinaldo vão chegar e ali certamente há imagens tão fantásticas quanto esta da garota e valem uma exposição. Se alguém conhecer esta garota ou souber do paradeiro dela, entre em contato com a BR Press - www.brpress.net.

terça-feira, 11 de março de 2008

O Bar da Tia


O Bar da Tia fica na Rua Cajaíba entre a Rua Barão do Bananal (abastado fazendeiro e grande capitalista na província do Rio de Janeiro. Em Bananal, foi vereador, tenente-coronel da Guarda Nacional e comandante de um corpo de cavalaria na Guerra do Paraguai. Libertou escravos e dedicou-se às artes. Foi agraciado pelo Imperador D. Pedro II, no dia 29 de maio de 1867, com o título de Barão do Bananal) e Rua Raul Pompéia (jornalista e romancista, nasceu em Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ, em abril de 1863. Bom desenhista e caricaturista. Redigia e ilustrava do próprio punho o jornalzinho O Archote. Escreveu em jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Escreveu O Ateneu, "crônica de saudades", contando o drama de um menino que, arrancado ao lar, é colocado num internato da época. Pôs fim à vida no dia de Natal de 1895.
Entre estas duas personalidades na Rua Cajaíba (praia na região de Paraty-RJ), o Bar da Tia fica aberto de segunda a domingo. Um verdadeiro Cu Sujo. Uma mesa de sinuca, um caça-níqueis aposentado, cachaças e vinhos empoeirados nas prateleiras com uma organização desorganizada.
Ontem eu, o Samuca e o Laudo para lá fomos tomar umas. Laudo está numa fase esplendorosa, fazendo várias Histórias em Quadrinhos. Samuca prepara nova aula sobre o retrato e, tomando uma cerveja “estupidamente sem gelo”, Giba, o contador de histórias, acalentava uma leve tristeza pelo desentendimento com a mulher. Recitei uma poesia pra ele, que ficou feliz e foi embora.

Cancioneiro de Upsala (1490)

Se eu não a tivesse visto, não sofreria
Mas tampouco a veria
Vê-la foi meu grande mal
Mas não vê-la pior seria
Não estaria tão perdido
Mas muito mais perderia.

Iria, a dona do bar, me disse que o bar vai ser vendido e que finalmente cheguei para fazer umas fotos. “Eu acho que vai mudar muito.”

Retratos

Foto de Pablo de Giulio


Sempre que ia às exposições fotográficas nas quais o tema é o retrato, ficava na dúvida cruel se a cumplicidade implícita favorecia o fotografado ou o fotógrafo. Geralmente as exposições de retratos exibem celebridades: políticos, artistas, músicos e esportistas (entre outros) que se destacaram ou estão em evidência. O fotografado fica feliz por estar na exposição (às vezes nem dá bola) e o fotógrafo fica feliz por tê-lo no seu casting. Algo parecido com uma moeda de troca.Fui ver na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, a mostra "Retratos de um auto-retrato", do fotógrafo Pablo de Giulio. É um trabalho muito bom e não motivou estes sentimentos. Pablo constrói imagens intrigantes e deliciosas de seus personagens. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 7 de março de 2008

O caminho das águas

Show do Valdir Cruz

Valdir Cruz abriu seu apartamento, em São Paulo, para convidados e mostrou sua nova série de fotografias. Uma exclusiva edição de O caminho das águas limitada em 100 cópias assinadas e numeradas de 001 a 100 mais 10 provas do artista numeradas. Cada estojo inclui uma cópia em platina-paládio de aproximadamente 24,5 x 24,5 cm de Quedas do Iguaçu, emulsionada e contactada pelo fotógrafo em seu estúdio de Nova York.
Uma festa bancana. Presentes no Local Peticov, Emanoel Araujo, Kin Steves, Rubens Fernandes Junior, Marcos Santilli, Isabel Amado, Eduardo Muylaert e várias outras pessoas das artes de Sampa. Veio o João Urbam de Curitiba que fez uma epopéia para chegar a tempo. Saindo de Curitiba seu carro deu pane e o filho veio socorrê-lo com outro carro e foi neste que ele chegou até São Paulo. Fiquei sabendo que a Coleção Pirelli MASP de Fotografias vai adquirir fotos de um ensaio que o fotógrafo Luiz Alfredo fez do pintor Guignard em Ouro Preto para a revista O Cruzeiro em 1962.
Tomei coragem e conversei com o Emanuel Araujo e falei do trabalho que fiz sobre negros. Durante um bom tempo fotografei os negros brasileiros em várias manifestações. Desde as festas populares até um Congresso de Cultura Negra das Américas, em 1982 na PUC-SP. Ali presentes as autoridades políticas e intelectuais mais representativas do movimento negro. Passei uma temporada em Cururupu-MA fotografando o Pandeiro-de-costa-de-mão, (manifestação única dos folguedos do bumba-meu-boi que só existe lá). A foto abaixo foi feita em Ouro Preto dentro da Mina do Chico Rei.
Valdir Cruz vendeu todos os exemplares que trouxe de sua preciosa edição.

Kirigame

Angelo e o Kirigame de uma dobra
É a arte de cortar papel. Kiri (corte), kami (papel, por sonorização vira gami) em japonês. Como fazer? Pegue uma folha em branco ou colorida + uma tesoura. Dobre a folha e imagine qualquer figura pela metade e vá cortando. Os resultados são surpreendentes.
Angelo nasceu em Londrina, no Paraná, e estudou biologia. Na sua infância gostava de ficar cortando papel e lá em Londrina tinha um japonês com o apelido de Circuito que, de vez em quando, dava uns tremeliques com a cabeça e o pessoal pensava que ele tinha levado um curto circuito e daí a origem do nome.

Livro manuscrito e Kirigami

Circuito ficava sentado em uma calçada da cidade e ia cortando papel mediante um pagamento qualquer. Angelo ficava apreciando sua destreza e aprendeu a arte olhando. No final de fevereiro, ele veio até São Paulo e fez um workshop de kirigami na casa do Miguel Paladino e da Vera Albuquerque que durou toda a tarde. Só saímos de lá à noite de tão envolvente que foi o curso. É um exercício manual e criativo maravilhoso.

quarta-feira, 5 de março de 2008

De novo na estrada

Parque da Água Branca, São Paulo-SP

No universo dos frilas todos sabem que janeiro e fevereiro são meses críticos. Liga pra um amigo numa redação, depois pra outro e vamos marcando encontros. Depois de muito pensar estou voltando ao jornalismo. Procurando trabalhos nesta área tão emocionante e envolvente. Fui à redação de uma revista que vende casas e apartamentos. Eles têm cinco títulos com imóveis para todos os gostos. Com a reunião agendada, apresentei meu ensaio sobre o Bambu para a editora e fui recebido com deferências pela qualidade do trabalho, pela estética e pelo tema. Coincidentemente, a editora procurava para a revista que vende imóveis de alto padrão um tema para homenagear o centenário da imigração japonesa. Meu ensaio chegou no momento oportuno. Venho desenvolvendo este trabalho de fotografar o bambu e o bambuzal desde os anos 80.
Duas características inerentes ao bambu são flexibilidade e rigidez. Esses dois pontos são freqüentemente comparados ao pensamento sólido e flexível do povo japonês. Taketori Monogatari (Conto do Cortador de Bambu), considerada a mais antiga narrativa escrita japonesa, conta a história de Kaguya-hime, uma princesa encontrada bebê dentro de um bambu. Monteiro Lobato escreveu que o Saci-Pererê nasceu numa moita de Bambu. A estrutura do Demoiselle, avião construído por Santos Dumont, foi feita com bambu.Para alguns, o bambu é a madeira mais utilizada do mundo.
Eles vão publicar um ensaio de algumas páginas. Me senti reconhecido e seguro para novas investidas. Este foi o primeiro round dos novos frilas.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Las tres viejas



Maria Alice Vergueiro e Lucci Chirolli


Maria Alice Vergueiro está negociando a compra dos direitos autorais da peça "Las tres viejas" do dramaturgo chileno Alejandro Jodorowsky, atualmente residindo em Paris. Jodorowsky classifica a peça como um melodrama grotesco.

O famoso cachimbo
Neste último domingo, ela e o ator Lucci Chirolli, fizeram uma primeira leitura da peça, no apartamento da atriz. Não faltaram tapas na pantera e várias análises da atualidade do texto. O inusitado é que serão três atores homens, interpretando o papel das três velhas.

Clube da Esquina em HQ




Laudo está desenhando para o Museu Clube da Esquina a História em Quadrinhos do Clube baseado no livro "Os sonhos não envelhecem",escrito pelo Marcio Borges . Agora ele vai ter um novo aliado. Fernando Brant também vai dar sua contribuição para esta nova história do clube: vai contar, sob seu ponto de vista, mais algumas histórias dos amigos, da canção Manuel o audaz e muitas outras. Ontem pela manhã Fernando Brant concordou com estes acréscimos que o Laudo vai contar/desenhar. Em planos a publicação de um livro especial (HQ ) desta nova história do Clube da Esquina.