sábado, 31 de maio de 2008

Abolerado blues

Theo Werneck no SESC da Paulista - jam session


A quarta-feira foi um daqueles dias especiais. De manhã consegui finalmente sucumbir ao apoio de um terapeuta para uma ajuda, na condução dos meus passos, que andam um tanto trôpegos, por uma crise que espero ser passageira.
Ao meio dia uma cliente me pede ajuda para selecionar algumas de minha fotografias para a apresentação de seu trabalho em Cannes "Você é o fotógrafo de mais gabarito que conheço e por isso te peço este apoio". Of course!
Vou até o impressor e peço para fazer 10 ampliações de flores, folhas e bambus para uma nova investida nas vendas e recebo a confirmação de que a exposição Bambu vai ser exibida na Edição Pocket (Galeria da Insign) em meados de julho.
Na pasta de portfólio no banco de trás do Peugeot uma síntese do meu trabalho. Vou para Moema mostrar o portfólio para a direção de arte de uma agência de publicidade. Avaliando minha produção o diretor disse que gostaria de ser chamado por mim para trabalhar em um dos meus futuros projetos. Não refrescou nada a minha necessidade de trabalho mas deu um lustro no ego. Em seguida vou para a lançamento do livro de fotografias Moradas do Brasil de autoria do meu amigo Rui Faquini. Ainda não estava na hora do rush e cheguei cedo nas imediações da Casa das Rosas, na Av. Paulista, onde foi o lançamento. Vejo as vitrines e o menu do Instituto Cultural Itaú e nada me chama a atenção. Ao lado no SESC da Paulista, várias atividades esportivas na calçada e muitas crianças. Vejo alguns malabaristas e entro na galeria para ver fotos de patrimônios imaterias. Ouço, vindo de alguma porta, o som choroso de um blues. Meu teor precisava de alento e fui sendo conduzido pelos acordes, como os ratos da fábula do flautista de Hamlin, até um palco onde Andre Christovam e grupo enchiam de notas e lamentos aquele teatro. Logo depois entrou Theo Werneck com sua guitarra havaiana e uma voz poderosa raptou todos os meus anseios. Por alguns instantes “...deixei a dor em casa me esperando”, como no samba.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Gaudério, o viajante.

Represa Guarapiranga - SP, maio 2008


Na semana passada Antonio Gaudério foi visitar parentes no Rio e por uma destas infelicidades deu um passo a mais para trás e caiu de uma obra em construção. Teve traumatismo craniano e está em observacão numa clínca do Rio de Janeiro. É um amigo especial. Um destes raríssimos fotógrafos que quer ir mais, muito mais, ir além da interpretação de uma pauta. Sempre fez reportagens de risco. Gaudério esteve recentemente em Juruá, no Acre, e fez uma super reportagem com texto/fotos sobre o daime e outra matéria onde revelava os bastidores de reportagem sobre a realidade dos bolivianos que trabalham irregularmente em confecções na região central de São Paulo. Gaudério foi para La Paz (Bolívia) fez um curso de costura, voltou ilegalmente para São Paulo como boliviano e conseguiu emprego para costurar vestidos. Estas matérias foram publicadas com destaque pelo jornal Folha de S Paulo.
Gaudério passou por todas estas e também passará, superando, por este momento delicado.
Torço para que ele se recupere e possamos novamente fazer um brinde à vida.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Beijos nas bocas e um mar de gente






















Conversei com um amigo durante a 12a Parada Gay ali na esquina da Consolação com a Paulista. Falamos da importância política do evento e sua representatividade. A Policia Militar não contabilizou a quantidade de participantes, a coordenação do evento também não. Alguns jornais arriscaram mais de três milhões de pessoas. Fica a impressão de que já são tantos que nem é preciso contar. Moro em São Paulo desde 1981 e nunca vi tamanha participação. A maior, em evento político, foi pelas eleições diretas. Perto de 100 mil. Um trigésimo do público de ontem.
Subi no terraço do prédio da esquina e vi "um mar de gente"ocupando toda a extensão da Avenida Paulista e a descida da Rua da Consolação e ali, sobre o túnel da Paulista muito beijo na boca e um siliconado prá lá de embriagado. Seu parceiro o levava como uma boneca de pano, aos tombos, pela Alameda Santos. Com esforço conseguiu um pouco de energia e dignidade para a pose da foto.

domingo, 25 de maio de 2008

Água da mina


Nascente e esgotos do Morro Santa Luzia, Embu-SP

No próximo final de semana vai acontecer a Expedição fotográfica "De olho nos mananciais". Vou coordenar um grupo que fotografará os mananciais do Embu.
Com o Rafael, que trabalha na organização do evento, fomos até lá no início do mês fazer um tour inicial. Percorremos as nascentes e rios do município. Uma das minas onde brota uma água limpa fica sob casebres no morro Santa Luzia. É esta da foto. Poucos metros adiante a água pura se mistura com o esgoto das casas próximas e vira aquele caldo. Desce morro abaixo ganhando mais tributários (esgotos), indo formar o Ribeirão Ressaca que vai abastecer a Represa de Guarapiranga. Esta água depois de tratada vai chegar até as nossas torneiras.

Uma das nascentes fica no cemitério, outra neste morro. Uma terceira aflora numa rua sem asfalto ao lado de uma antiga fazenda. A fonte Dois Jesuítas, envasa a água mineral e é protegida por cercas e muros.

Este vai ser o nosso palco de atuação.

Quando vi a água limpa se misturar com o esgoto no Morro Santa Luzia me veio uma sensação de descaso, descuido, desamor com a água, um bem vital. Os moradores, crianças e adultos, com a nossa presença, numa atitude de solidariedade, olhavam para aquele filete de água com um certo carinho, com uma suposta esperança de que as gerações futuras vão cuidar melhor das águas das fontes.

domingo, 18 de maio de 2008

Bambu, Bambuza, Bambual

Bambu gigante


Uma das primeiras reportagens que fiz foi com Fernando Brant em 1970. Fomos até uma cidade vizinha de Belo Horizonte fazer uma matéria para a revista A Cigarra com a educadora Helena Antipoff (tem uma fundação com o seu nome). No decorrer da entrevista ela falou da importância do bambu e dos seus mil usos. Aquilo ficou na minha cabeça e, como uma semente que eclode tempos depois, comecei a fotografar a gramínea. Desde as pequenas espécies dos campos altos (Pico das Agulhas Negras) até o bambu gigante na Mata Atlântica, no litoral paulista.
Gota de orvalho no broto do bambu gigante

Comprei livros, estudei, pesquisei e fiz muitas fotos.
Uma das coisas mais difíceis é a floração do Bambu. Fiquei anos esperando para fotografá-la que ocorreu em março de 2005 no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi numa moita de bambu originário do Vietnã. (foto abaixo)
Floração do bambu

Agora, no início do ano, tomei fôlego e criei o projeto Bambu, Bambusa, Bambual em homenagem aos 100 anos da imigração japonesa no Brasil. Meu querido amigo e designer Yves Ribeiro fez a arte do projeto. Miguel Paladino ajudou no texto.
Fui até o bairro da Liberdade e apresentei-o para a comissão para as festas do centenário da imigração japonesa. Depois de algum tempo me enviaram um ofício dizendo que o projeto, pela sua relevância, ganhou o Selo do Centenário.
Enviei o projeto para muitas empresas procurando apoio financeiro e também para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Na semana passada recebi a confirmação do interesse do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro – Escola Nacional de Botânica Tropical em receber a exposição fotográfica: Bambu, Bambusa, Bambual.
Mergulhado nas mil e uma fotografias que fiz, estou empenhado na sua realização e neste final de semana fiz uma seleção das fotografias feitas em slides. Falta selecionar as imagens feitas em negativo preto e branco, negativo em cores e no formato digital.
A plástica, elegância e beleza estética do bambu é inebriante.

sábado, 17 de maio de 2008

Transversal do muro


Noite destas, a caminho de casa, vi uma pessoa dormindo na Praça Riacho dos Campos. Voltava de um encontro com amigos: alegria, negócios e outras milongas mais. A pessoa estava deitada na esquina que tem a borda arredondada. Dormia na transversal do muro. Diminui a velocidade do carro e um arrepio frio correu pelo meu tórax, com predominância no lado esquerdo.
Me ocorreu prestar um atendimento mas fraquejei.
Na minha garagem que tem porta esta pessoa estaria mais protegida do frio que beirava os 17 graus. O que poderia ocorrer se oferecesse a dormida da noite? Eu ia acordá-la ela poderia ficar irritada... é uma opção ficar largada... o que os vizinhos iriam pensar...ela não sairia mais da minha casa...quanta diferença ha entre nós...continuei no meu caminho. Em casa uma cama macia e aconchegante me esperava.
Ando um pouco aflito com as vergonhas financeiras e sensibilisado com coisinhas miudas. Perto daquela pessoa o que ocorre comigo é um luxo só. Mas, entortado e tosco pelas demais sutilezas do viver é que me olho e me vejo menos, muito menos pior do aquela pessoa.
Mesmo assim ainda reclamo e me angustio. Vai passar.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Flores e líquens dos campos altos


No inicio de janeiro fui com o Monge Kogen para o Pico das agulhas Negras fazer fotos para a capa do seu livro A ponte. Transições no caminho. Chegamos antes do sol nascer e entramos no parque por uma caminho que o monge conhecia, diferente da entrada principal. O sol depois que se anunciou aparecia e desaparecia entre as nuvens. Eu ficava como um caçador esperando a melhor luz com o monge posicionado. O dia foi clareando e, ao meu redor, pude ver uma enorme quantidade de flores e liquens. Fotografei várias delas. No dia seguinte fomos para Cunha -SP, e descobrimos a Pedra da Marcela, outro pico bem alto que praticamente divide o estado de São Paulo com o Rio de Janeiro. Resolvemos fazer mais fotos. Foi uma subida difícil e cansativa. Lá em cima também novas flores e fiz o registro de várias delas.
Voltando para São Paulo recebi de uma amiga o edital SESI 2008 que recebia projetos fotográficos. Mergulhei a sua leitura e no prazo final de apresentação fui até a Av. Paulista e me inscrevi com o tema: Flores e liquens dos montes altos.
Dia 15 de maio de 2008 recebo uma ligação do SESI dizendo que o projeto foi aprovado e que a exposição será apresentada nos próximos 5 anos em 50 cidades; na capital e no interior do Estado de São Paulo.

sábado, 10 de maio de 2008

Uma foto especial



fotos de Juvenal Pereira

Hoje de manhã 30 dos mais expressivos fotografos que trabalham em Sao Paulo se reuniram às margens da Barragem Guarapiranga, zona sul de São Paulo, para uma foto histórica.
No foco da Deardorff 8x10” (a mesma que Ansel Adams usava) Dimitri Lee clicou o grupo de coordenadores da Expedição De Olho nos Mananciais.
A expedição é uma ação da Campanha De Olho nos Mananciais, do ISA, que tem como objetivos esclarecer os moradores de São Paulo sobre a situação dos mananciais da cidade e mobilizar a população para o uso racional da água. A campanha pretende mostrar que a ameaça de escassez de água nas grandes cidades tem relação direta com a poluição dos mananciais e com o desperdício de água. Saiba mais sobre a campanha em www.mananciais.org.br

A foto do grupo é especial por várias razões: conseguir esta adesão é obra da capacidade de aglutinação do fotógrafo Iatã Canabrava e pela raridade da camera - a fábrica da Deardorff fechou em 1988 e alguns poucos fotógrafos do mundo tem uma igual “A não ser eu e alguns fotógrafos americanos “chatos” e outros raros que se dispoem a trabalhar com uma câmera tão difícil” brinca Dimitri.
Dimitri usou, como garantia uma outra máquina fotográfica tão difícil como a anterior a
Wisner 8 x 20” (esta da foto ai em cima). Só para ter uma idéia do grau de dificuldade os filmes são cortados mediante solicitação de um grupo de fotógrafos que se reunem na internet e fazem o pedido (uma vez por ano) para a fábrica Ilford.
Nas fotos de hoje foram usados o filme FP4 para as fotos preto e branco e o Velvia 50 ASA (cromo) para as fotos coloridas.

Manancial é uma zona de vegetação em que há nascentes de água. Os mananciais podem ser superficiais (lagos, nascentes de rios, represas etc.) ou subterrâneos (lençóis freáticos ou poços). É também água pronta para o consumo humano, mas há alguns riscos a sua saúde.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Folhas, flores e frutos na Galleria Orgânica

Folha de heliconia

Deu no Guia da Folha: A Galleria Orgânica, restaurante que abriu há menos de um mês nos arredores do metrô Sumaré, criou um cardápio baseado em uma "filosofia alimentar". Seus proprietários, o DJ Bret Flute e a performer Leila D, seguem as regras da cozinha vegetariana e utilizam apenas ingredientes orgânicos (sem agrotóxico).

Na próxima sexta-feira dia 9 de maio sete fotos de flores, folhas e frutos vão ser expostas nas paredes do primeiro andar. Bret prometeu uma performance musical, Leila vai servir, durante o coquetel, sangria orgânica com pedaços de pizza e chás super saudáveis.

Onde: Endereço: R. Oscar Freire, 2.273 - Pinheiros -Telefone: 3081-3288

domingo, 4 de maio de 2008

A mão negra


Daqui alguns dias vai ser comemorado o dia da Lei Áurea que abolia a escravidão no Brasil.
Chico Rei é um dos meus heróis.
Foi trazido escravo para Ouro Preto.
Na África era rei. Aqui escravo.
Pela ousadia, diplomacia e realeza se organizou com seus negros e comprou a mina em que era escravo. Com o ouro da mina comprou a alforria de muitos outros negros e também construiu a Igreja Santa Efigênia. O tempo passou. Hoje a Mina do Chico Rei está aberta à visitação. Fica no lado leste de Ouro Preto partindo da Praça Tiradentes. Numa das descidas. Tem um restaurante na entrada.
Dentro dos tuneis se pensa como era duro o serviço e em que condições de trabalho.
A mão da foto acima é de uma descendente destes negros libertos fotografada sobre a mesa onde era pesado o ouro.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Marcha da Maconha


Domingo 14 h no parque do Ibirapuera vai rolar a Marcha da Maconha.