terça-feira, 18 de agosto de 2009

Curva do Rio


Ribamar Pereira é pernambucano, de Exu, terra do Luiz Gonzaga. Sua família de lá, está no poder desde 1949. Explica que a tática é alimentar e embriagar os eleitores. Matar uns quatro bois. Não ter miséria nesta hora. Também não fazer corrupção.
Ribamar mora e tem sua praça - mercado de trabalho, nas redondezas da minha casa, na Pompéia, em São Paulo. Ele faz serviços gerais de eletricista e encanador.
Hoje de manhã me viu logo que entrei na Rua Barão do Bananal, vindo da Rua Cajaiba e esperou na esquina do Bar do Sr Francisco - o melhor frango assado do domingo. Fomos conversando até o ponto de ônibus da Av. Pompéia. Às vezes o bumba que eu pego demora um tempão e foi o caso de hoje. Ribamar fez seu discurso contra a lei que autoriza o uso do moto taxi em São Paulo atribuindo a culpa ao Lula. Falo da minha admiração dos resultados do governo Lula. Ele concorda dizendo que a maior parte dos brasileiros está sem dinheiro. Contra argumento baseado no depoimento que o James Quigley deu para o Estadão afirmando que o Brasil é o mais irresistível dos BRICs (Brasil, Russia, Índia e China). Digo que cabe a nós arrumar o dinheiro por que perspectivas têm. Ele sorri e continua no discurso do moto taxi. Mudo de assunto e falo da nova confeitaria que vão abrir na Rua Cajaiba com Barão do Bananal. Ele diz que naquele buraco do mundo nada prolifera falando dos "curva de rio" que freqüentam o Bar da Tia.
Que é curva do rio?
- Curva do rio é quando você vem de barco e não consegue fazer a curva e se estrepa na margem. É onde fica depositado o lixo que vem do rio acima!

O bar da Tia é um botequim que tem na Rua Cajaiba quase esquina com a Rua Raul Pompéia (aquele que escreveu O Ateneu). Alí tem uma mesa de sinuca e cachaças que estão nas prateleiras ha mais de 30 anos sem sair do lugar. Mas se precisar ir no banheiro vai ver uma cena mais parecida com instalação de bienal do que com wc. Até chegar na patente vai atravessar um universo de trecos.
Eu gosto do bairro. Ele também.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dedo sujo


Um show o espetáculo verbal no senado. Ótimos atores e texto sintético.

Mas cá pra nós. Que merda heim?

sábado, 1 de agosto de 2009

Sortilégios da Natureza







Em setembro de 2006 fui conhecer a nascente do Rio São Francisco. Já conhecia algumas partes do rio. Em 1976 viajei pelo vapor de Januária até Juazeiro, depois fui até Penedo e visitei a foz do rio da integração nacional junto com o repórter Jotabê Medeiros. Fomos fazer uma reportagem sobre o Barão do Penedo e nosso barco ficou sem óleo diesel e andou alguns minutos a deriva quando uma canoa cheia de lindas garotas nos salvou e ainda tinham cerveja a bordo.
Mas os sortilégios se manifestaram nesta visita à nascente. No dia que cheguei uma grande queimada calcinou toda a vegetação ao lado da nascente que foi salva por água jogada por helicóptero. Estas queimadas normalmente são espontâneas e outras vezes criminosas. Esta de 2006 foi espontânea. Consegui entrar na reserva por ser jornalista e resultado de uma conversa com o engenheiro responsável da reserva. Fiquei só, naquela imensidão queimada. Fiz algumas fotos que pretendia futuramente fazer uma panorâmica. Ficaram guardadas estes anos e aprendi agora, na semana passada, quando o Vitor Novais esteve em casa e me ensinou.
Quando saia do parque o vigia me chamou e disse: “Volta daqui um mês que você vai ver tudo florido”.
Voltei e de fato estava tudo verde e florido.
Confiram nas duas fotos
A queimada foi no dia 16 de setembro e a toda verde no dia 20 de outubro de 2006. Sortilégios.