segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Matrizes Africanas

Babalorixá Flavio de Yansan

Boa tarde a tod@s.

Motumbá, Mukuiu, Colofé, Saravá.

Meus respeitos aos mais velhos e mais novos.

Preciso, além de cumprimentar os integrantes da mesa, agradecer todos os presentes que, aderindo e participando desta reunião, demonstram sensibilidade ao tema – INTOLERÂNCIA RELIGIOSA -, que como uma manifestação da sociedade, cresce com raízes no preconceito e alimentada pelo mais violento processo de exclusão social: o racismo.

Agradecimentos especiais, sinceros e como muita gratidão ao Vereador Ítalo Cardoso que tem gerado oportunidades, a um segmento fortemente discriminado há séculos: as manifestações e culturas africanas.

Para nós, uma VITÓRIA, um momento histórico conseguir trazer ESTA DISCUSSÃO AO PARLAMENTO DA MAIOR E MAIS CONSERVADORA CIDADE DO PAÍS.

É preciso lembrar que o nobre Vereador, em sua trajetória política, também estendeu “olhos”, a outros segmentos, igualmente desrespeitados e atacados, a exemplo a Comunidade LGBT.

Bem....

Depois de 9 anos em conflito com a PMSP – SubPref.VM, sinto-me obrigado a encabeçar um movimento de resistência, pois tenho sido o ‘alvo principal’ dos intolerantes, burocratas e fanáticos que estão compondo o quadro de funcionários públicos do nosso Município.

Impedir um Terreiro de funcionar. Impedir que os munícipes professem suas fés, tem sido o objetivo de muitas prefeituras, em todo Brasil. É um afronto a Declaração Universal de Direitos Humanos.

Fechar uma ‘ CASA DE AXÉ’, potencialmente regularizada, com vários títulos de reconhecimento de trabalho sério e emitidos pelos Poderes Públicos, que atua em projetos sociais, culturais, além de religiosos, é o maior DESAFIO dos últimos governos paulistanos.

Depois, fechar ‘Casas de Axé’ sem regulamentação ficará fácil!

Inibir discretamente, sem escândalos é a estratégia da Prefeitura Paulistana. Usando do poder de ‘ fé pública’, altera laudos, forja dados e usa seus fiscais como ‘agentes coercitivos’.

É a política do extermínio, de higienização e do embranquecimento da cidade de SP.

A dificuldade de inserir a LF 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da Cultura e da História da África, nas escolas públicas municipais é outro exemplo da postura seletiva do Poder Público.

A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, sai dos gabinetes políticos, passa pelas escolas, pelos professores, pela Polícia Militar, pelos hospitais e até, pelo Poder Judiciário. Juízes não podem julgar amparados e inspirados em moral religiosa, e sim, na lei, no seu contexto sociológico e na organização da sociedade.


Iyá Ekedji


Em SP a INTOLERÂNCIA RELIGIOSA é sutil e violenta, pois está implícita na legislação municipal, formatada por bancadas fundamentalistas. Em SP, a legislação FERE a Constituição Federal.

O Governo Lula, com todos os seus erros e acertos, foi o primeiro governo federal a lembrar de nós, e isto ninguém pode esquecer: a SEPPIR, O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL que possui um capítulo sobre as Religiões Afros e a nova denominação dos terreiros, por Comunidades Tradicionais de Terreiros, sugerindo o status de TEMPLOS, nunca antes conquistado.

Não podemos aceitar a especulação imobiliária, que desrespeita nosso ‘espaço sagrado’ para fazer praças ou viadutos. A mesma postura não acontece com outros cultos, quando suas igrejas são poupadas e tornam-se o espaço central de jardins.

Precisamos de uma legislação específica para as Comunidades Tradicionais de Terreiros, pois nossa liturgia e rituais são diferenciados. Este é o nosso pedido. È um direito sermos atendidos!

Mas, isto não significa que não temos que repensar nossos comportamentos e lembrarmos de nossos DEVERES para com as comunidades locais que estamos inseridos. Evitar conflitos é fundamental e uma atitude religiosa.

Surgiram os ‘terreiros urbanos’ que estão subordinados a Lei! Inseridos na cidade precisam conviver em paz com seus vizinhos, e respeitar o DIREITO daqueles que convivem com nossos hábitos, muitas vezes sem gostar e nem nos aceitar. ISTO É CIDADANIA.

Finalmente...

Religião é ‘cultura de paz ‘ e a promoção do bem comum. É aperfeiçoar a conduta humana.

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA é ‘cultura de ódio’. É malígba. ´E retroceder.

Não dá para aceitar!


CÂMARA MUNICIPAL DA CIDADE DE SÃO PAULO

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS

SP 23.09.10 – Babalorixá Flávio de Yansan


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Daguimar dançando na diversidade



No palco montado ao lado dos Arcos da Lapa (Rio) a Escola Mirim de Samba da Portela desfilava calmamente quando entra no palco a Daguimar, toda soltinha num maiô folgado. A platéia vibrou. Ela correu pra lá, pousou como aquelas modelos do SP Fashion Week, voltou pra cá com nova pose, foi ao fundo e executou uns passos de samba. Alguns seguranças tentaram contê-la. Daguimar se esquivava, com os aplausos da platéia, no primeiro dia de shows do Encontro da Diversidade promovido pelo MinC. O show teve outros grupos e Daguimar passou um tempo sem aparecer no palco. Voltou quando os Enraizados Hip Hop mandavam ver. A platéia delirou. Os passos mais vibrantes do Hip Hop fizeram com que seus seios pulassem para fora do maiô. Os seguranças foram assediá-la e novos dribles. A Daguimar foi o show. Afinal os moradores de rua se incluem na diversidade. Quase no final da apresentação um dos convidados foi fazer uma manobra radical tentando escalar a rampa de acesso e caiu com as costelas na quina. A dor foi tão forte que ficou imobilizado. Em menos de 5 minutos a equipe de socorro retirava o azarado usando todos os procedimentos de segurança.