sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Varrendo o terreiro

Reginaldo é o autor da frase “Quando a gente transa bem com a mulher, no dia seguinte ela varre o terreiro cantando”. Era o mais novo dos filhos do Manuelzinho do Neca e da Dona Aurora. Também nasceu em Água Suja e isto torna seu curriculum diferenciado, no sentido de ter sido privilegiado com a aterrissagem da cegonha nos anos cinqüenta, duas ruas abaixo do largo do Santuário de Nossa Senhora da Abadia (naquele tempo eu acreditava em cegonha).
Em março de 1955 fomos juntos com o cachorro Fiel, papagaio, umas coisinhas miúdas e outros irmãos, na carroceria do caminhão Chevrolet Tigre, para Belo Horizonte.
Por ser o caçula era o preferido da mamãe e assim foi por muitos anos. Vivi com eles até 1971 quando caí na vida do jornalismo e me mudei de Belo Horizonte.
De vez em quando voltava e nos encontrávamos. Ele tinha uma maneira muito própria de viver. Gostava de cavalos, boas roupas, mulheres e carros. Com o tempo se profissionalizou como vendedor de carros e ganhou alguns prêmios pela sua performance nas revendedoras autorizadas.
Mudou para Brasília e de lá para Goiânia onde casou e teve um filho.
Construiu uma casa confortável nos arredores de Goiânia e plantou frutas. Fez um cantinho gostoso onde convidava os parentes e amigos para churrascos e cervejadas regadas com piadas divertidas. Ria gostoso.
De uns tempos pra cá seu fígado ficou fragilizado e foi parando de funcionar até nesta última quinta-feira do carnaval quando parou de vez e provocou a falência de outros órgãos e ele se foi.
Em abril do ano passado veio me visitar para se consultar com bons médicos.
Diagnosticado, optou por se cuidar, à sua maneira. Não quis fazer o transplante, sisudo com os efeitos colaterais.
Quis conhecer as praias paulistas.
Fomos para Camburi e Praia da Baleia.
Ali tomou o seu último banho de mar.