segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Verdadeiras histórias 1

Construção da nova igreja e a antiga (dir.)

Ypuchi (Y: água, puchi: má, suja)

Sebastião Silva refugiado da Guerra do Paraguay era garimpeiro e descobriu nas suas andanças pelo Triangulo Mineiro, nas margens do rio Bagagem, muitos diamantes só igualados aos produzidos na Índia.
Três anos depois 5 mil pessoas trabalhavam na mineração e quase todos os primeiros habitantes de Água Suja eram de origem portuguesa que se habituaram a fazer romarias até Muquém de Goiás louvando a imagem de Nossa Senhora da Abadia.
Pela distância e dificuldades das estradas estas viagens/romarias foram ficando trabalhosas e decidiram construir uma capela no povoado. Os cronistas dizem que 1870 caiu uma geada daquelas. Três dias e três noites. Também neste ano começou a construção da capela em Água Suja.

Uma imagem esculpida em madeira

Custódio da Costa foi até a capital do Império e na Rua da Quitanda adquiriu, na casa comercial Franco & Carvalho, a imagem de Nossa Senhora da Abadia. Esculpida em madeira: castanheira. Voltou do Rio de Janeiro em um Cargueiro até a Barra do Piraí e, de lá, em carro de boi chegaram até Água Suja. Foram recebidos com banda de música, fogos e missa campal, perto de onde é hoje o santuário.
“Na verdade, a Virgem Imaculada, parece ter escolhido com particularidade este templo, para nele exercer com especial desvelo e carinho, sua proteção Maternal” - Maria Damasceno no livro Do diamante ao Milagre da fé.
A primeira igreja, toda feita em madeira de lei, media 32 metros de comprimento, 15 metros de largura e 12 metros de altura com a iluminação interna feita pelos famosos lampiões do sistema Boulevar e Aladim com 2.400 velas de potência.


Santuário de Água Suja


Por que Nossa Senhora da Abadia e Água Suja

Paio Amado, um fidalgo da corte do Conde D. Henrique tornou-se monge chegando a ser o frei responsável pelo mosteiro do Monte São Miguel em Portugal.
No vale próximo da ermida ele e outro noviço viram uma grande claridade e foram atrás. Depois de andar duas noites encontraram a imagem de Nossa Senhora em uma pedra que brilhava. Geólogos disseram depois que era de calcário poliemorado do século IV. Amado e o noviço levaram a imagem para o mosteiro e logo apareceram devotos.
Ficou conhecida pelas graças alcançadas dos que invocavam seu nome e porque muitos devotos de sua santidade faziam seu culto numa abadia. Comemorando no dia 15 de agosto, sua assunção ao céu. Gente de todas as classes sociais, invocam sua proteção em momentos de agonia e aflição sempre recebendo em troca sua ajuda e consolo. Esta fama atravessou o Atlântico e chegou até Água Suja onde uma quantidade grande de garimpeiros que ao lavarem o cascalho para acharem os diamantes sujavam a água do Rio Bagagem.
Mais tarde mudou de nome (Com certeza não foi um poeta que a batizou e é pena que poeta não se encontre para crismá-la dando outro nome - Maria Damasceno). Em 1938 passou a ser chamada de Romaria em função das inúmeras romarias de todos os quadrantes do estado e até de fora dele que visitam o santuário para as orações e promessas.

Nossa Senhora d’Abadia no Memorial da América Latina

Uma pequena imagem de Nossa Senhora da Abadia, doada por Carmelina Freitas (nascida em Água Suja) fará parte da exposição de imagens de santos, santas e padroeiras de várias partes do Brasil que será montada no Memorial da América Latina, em São Paulo. Isto, por si, é uma boa história e o que vem a seguir é um verdadeiro milagre: Em que circunstâncias a imagem de Nossa Senhora da Abadia chegou até o Memorial.



Maureen Bisilliat e a imagen doada pela Carmelina


Estou desenvolvendo o projeto em que uma equipe de cinco duplas de repórter/fotógrafo fará reportagens em Cuba, no início de 2009, nos 50 anos da revolução cubana.
Nos encontros e agendamentos para obter apoios ao projeto fui até o Memorial da América Latina para uma primeira reunião com a Maureen Bisilliat - curadora do Pavilhão da Criatividade. Fiz uma rápida apresentação e ela adotou o projeto agendando naquele mesmo instante uma reunião com a Leonor Amarante editora da Revista Nossa América que também abraçou a idéia sugerindo a publicação de uma edição especial.
Nas conversas finais Maureen comentou, mostrando algumas imagens de santos e santas, que está em andamento uma exposição com o eixo temático dedicado aos santos e padroeiras do Brasil. Contei rapidamente a história de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja. Ela ficou encantada e prometi uma imagem da santa para fazer parte da exposição.
Falei com meus irmãos de Belo Horizonte que, como eu, nasceram em Água Suja, procurando saber como conseguir uma imagem. Primeiro falei com o Renato e depois com a Carmelina que disse ter uma imagem já benta e faria a doação enviando-a pelo correio ao Memorial.
Depois de várias reuniões, pesquisas, orçamentos e o design para finalizar o conteúdo do projeto, voltei ao Memorial para um encontro com Fernando Leça que é o presidente. Quando eu e Rebeca entramos na sala da Maureen acabava de chegar uma embalagem enviada pelo Sedex com a imagem que a Carmelina tinha doado. Junto de um carinhoso bilhete e a oração da Nossa Senhora da Abadia. Maurren abriu a caixa admirando a beleza das cores do manto e da imagem. Disse pra Maurren: Olha como ela é milagrosa! Chegar exatamente no mesmo momento em que cheguei. Falamos de sincronicidade.
Em um pequeno altar, junto com vários outros santos (quem sabe um concílio inesperado) Nossa Senhora da Abadia aguarda, na sala do pavilhão, pelo momento de ser vista por muita gente na exposição dedicada aos santos.
Uma ótima notícia. Nosso projeto Cuba: ayer, hoy e syempre foi aprovado pelo presidente do Memorial. Milagre?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Varrendo flores



Logo ali, na esquina da Praça Craveiro Lopes, em frente a Câmara Municipal de São Paulo, Marta – hoje pela manhã, varria flores caídas do pé de jacarandá mimoso. Eu, no Planalto Central do País, exibo um mostra de fotografias “Bambu, Folhas Flores e frutos” no Museu da República, uma jóia da arquitetura mundial. Criação de Oscar Niemeyer.