terça-feira, 2 de novembro de 2010
Memórias Sertanistas
Muitos anos atrás me inscrevi num concurso da FUNAI para ser indigenista e, por não ter completado o curso científico não pude concorrer, mesmo mandando uma carta justificando meu interesse. Nada.
Alguns anos depois fui pra Aldeia Katrimani e fiquei um tempo com os indios Yanomamis, em Roraima. 30 dias. Vi alí um pouco do dia a dia da aldeia. Fomos expulsos por um decreto presidencial - anos da ditadura.
Em 2006 o Felipe Milanez dirigia a revista da FUNAI e me convidou para fotografar uma festa dos Enawene Nawe o Yãkwa. A festa dos espíritos. Maravilhosa. Neste blog tem noticias sobre eles.
Na semana passado lá no SESC Consolação (em São Paulo), o Felipe coordenou o evento Memórias Sertanistas. Ele me disse que quando negociava a realização do projeto com o SESC recebeu um telefonema sendo demitido da National Geographic porque manifestou no twiter seu descontentamento com uma matéria publicada na Veja sobre índios que era totalmente montada. Acho que ele se deu melhor. Talvez um dia, quem sabe, a National Geographic faça um mea culpa, por que, o jornalismo do jeito que tá... tá de amargar. Nesta campanha presidencial a mídia foi sórdida. Já passou. Mas os semóticos vão ter o que falar daqui pra frente.
Voltando às Memórias Sertanistas. Fui no primeiro dia (28 de outubro) e vi dois documentários sobre os Últimos isolados, série dirigida pelo britânico Adrian Cowell. Fugindo da extinção e O destino dos Uru Eu Wau Wau. Em algumas cenas fiquei colado na cadeira de tão impactantes.
No dia seguinte ouvi os bate-papos com Afonsinho (Afonso Alves da Silva), Odenir Pinto e Porfírio de Carvalho. Um cearense da gota. Dá até vontade de participar de uma roda de fogueira onde ele esteja inspirado, como foi neste dia. Seu discurso é envolvente. Contaminante. Como um corte de faca amolada. Falou sobre sua convivência com os Waimiri Atroari (foram quase dizimados, mas sua obstinação e fé - depois de ver vários assassinatos praticados por fazendeiros, garimpeiros e outras autoridades - foram determinantes para sua convicção de protegê-los: www.waimiriatroari.org.br
Porfirio é o autor dos programas Waimiri Atroari e Parakanã. Responsável pela recomposição étnica e demográfica destes povos. Por suas aações a favor dos índios foi demitido seis vezes da FUNAI. Perguntei o que o levava a ter tanta convicção no que faz? "Foram os ensinamentos do sertanista Chico Meirelles.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário