quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PROFISSÃO DE FEBRE


Ademir Assunção é um grande amigo e companheiro de muitas reportagens. No dia 30 de setembro – para convidados, vai ser aberta, no Instituto Cultural Itaú, em São Paulo, a mostra Ocupação Paulo Leminski: 20 anos em outras esferas. Ele é o curador e diz: “Lemiski é poeta todo tempo. Escrevia alguns de seus poemas em guardanapos de bares (depois disciplinadamente passava a limpo) erudito, conhecedor de várias línguas e faixa preta de judô” Somos vizinhos. Ademir mora no apartamento do térreo em um prédio de dois andares. Confortável. Anos 50.
Venho acompanhando seu trabalho sobre a mostra quase que desde o começo do projeto. Aliás, conheci Lemiski fazendo uma reportagem para o Estadão em 1986, junto com o Ademir. Esta foi uma das fotos que ocupou quase a página inteira da capa do Caderno 2 do dia seguinte.
Ontem fui tomar um café com o Ademir que me contou as estratégias da mostra, as disposições, os poemas e folheava cadernos originais. Inclusive o caderno com as anotações que deram origem ao livro Catatau. Para Ademir é “Um dos melhores livros da literatura Brasileira”.
Entre ferver a água, coar o café, saboreá-lo e conversar, li vários poemas e escolhi este para abrilhantar estas páginas e excitar meus poucos e queridos leitores a verem a mostra. Na abertura do dia 30 de setembro de 2009, terá uma leitura de poemas dele, com Alice Ruiz, Áurea Ruiz Leminski (filha deles), Mário Bortolotto e Ademir Assunção. Vários eventos integram a programação.

Profissão de febre

quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento

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