![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_4qrbMTETs_Zp-x_sZmzQ4Anl_BklUVuNayhYGlRUrLTz4D1lzx4CRlw9G_cwNhYK-AjQJSM8_Ggy41zGhqGgwEQZ0IPXqrlQm4tBMy6M4XF7tOMNdaOwdZf9RRsHGCu4kZiSNS3QpwY/s400/mao+e+sal+01290012.jpg)
Sal vegetal
Festa ritual dos índios Enawene-Nawe em homenagem aos espíritos subterrâneos - donos dos recursos naturais e das doenças. É realizada depois que uma série de catástrofes provocadas pela ação dos espíritos subterrâneos, sob a forma de ataques de onças, monstros aquáticos, tribos inimigas e epidemias quase os dizimou totalmente.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzZdUE8QsGUOSdZc7BGUeOREnJ64H7qF_uKAvzg1vKX0w5C6l8R3fGMV4KORFQOTwSgQQCJRu0WZDZ7Oj4RCeTATgUdwW6m3Bwn8xa8T1hHmaq3vIb4FQjlebmItVtK2Aj9HRKerl3_70/s400/Hare+kare+noite+e+flauta+06410031.jpg)
A etnia
Os Enawene-Nawe moram na aldeia Matokodakwa - noroeste do Mato Grosso (Brasil). Também são conhecidos como os Salumãs. Nas suas crenças são descendentes de um único casal de seres humanos, suas tribos ancestrais originalmente habitavam o interior de uma pedra e, graças ao auxílio de um pica-pau, que fez um buraco na pedra abrindo uma passagem ao mundo exterior, eles se espalharam pela superfície da terra.
São muito bem humorados.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7QYe8C9W9cnKoeY1riiyP_uhpLJw7fLDipIYTYmfhq0jx8TlWFBFEo9xRv3vzQiEeOcpBfJoP3np-NHYOI5Uy03UzuLy3VuS6bNzWA7hw88_KeIU3Ao97LnpzHhKzYE8ilQ8jAvqwtnY/s400/grupo+tarde+00530023.jpg)
Os costumes
Mudam com freqüência de aldeia. A mudança geralmente é provocada pelo esgotamento dos solos em seus arredores, somado ao acúmulo de defuntos enterrados sob o chão das casas – o que atrai perigosamente os espectros sinistros dos mortos. Entre outras atividades as mulheres cuidam das roças e os homens das pescarias.
Dentro de sua cosmogonia o mundo tem 4 camadas: a terra; acima da terra onde ficam os Enores; acima dos Enores, a vastidão universal; e abaixo da terra, os Yakairitis.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEionetP-rR3i900QEA9mZUEtwPOAJbQOX8YXQALOdtFNyRWdeX6Sdn1WpLSfWo65hkRosG6OTY-3t5RiGDYybdIUd4O355CTs_hGNCd5lEJuwNhQuv8qFEcy57iMNQj1Pe-zceQabPPXtU/s400/Menino+e+adulto+com+cesto+9225+c%C3%B3pia.jpg)
A festa. Yãkwa
Alguns índios nos esperavam na margem direita de quem desce o Rio Iquê. Na nossa chegada conversas rápidas e ajustes nos enfeites corporais de fibra de buriti. Um deles assume o controle do barco e fomos rio acima numa quase corrida fluvial.
No porto mais próximo da aldeia alguns Hari-Kares (anfitriões), jovens e crianças esperavam os Yãkwas – pescadores. Ali são descarregados os peixes moqueados envoltos em peças de taquara e transportados em cestos nas cabeças dos índios. Velhos, jovens e crianças caminham em fila até avistarem a aldeia. Com gritos, sons e cantos uma nova energia toma conta dos pescadores.
Na subida final a tensão aumenta. Logo em frente os Yãkwas entram na aldeia carregando cestos e estandartes - um peixe moqueado na ponta de um galho. Neste caminho são presenteados com cuias de mingau. Grupos de meninas e mulheres esperam ao lado das malocas.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyk5uEzEYnX3Tzx4AtzkplkTLNajJu-5b8vaXMHGyR0FulH14rEycGGRQGDzw2it-Q-oDhphxrs7PL-hL4rGTepr3MXyMVWgimhql0od__M1ZrGDCvprjbLFhjbjAtbJBNq0Gkqvyi_JM/s400/encontro+na+aldeia01640008.jpg)
No centro da aldeia os pescadores Yãkwas são recebidos pelos Hari-Kares já enfeitados com fibras de buriti e adornos plumários.
A recepção é uma topada de peito com peito. Não é uma briga. É uma troca de sensações: chegando e deixando chegar depois de mais de 40 dias pescando em rios distantes da aldeia. O receber inclui a produção de beijus, sal vegetal (feito de folhas das palmeiras – função feminina), enfeites, flautas e mingaus.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMHT3cOykjtdk0O0_eJ99YLV8pMFJ8ZGScY6_puJvithLaPlHpLOthUfBirHBi9RvJZtLm14eQVxALXX111-KYFRHPmGStcBqCPhMcZytPmWqLdflD5B4RhYic6zV2qihoFCtVMJt47yc/s400/na+fogueira.jpg)
Também construir a fogueira principal cercada por estacas, em círculo, no meio da aldeia. Nas estacas são amarradas peças feitas com resinas vegetais e envoltas com folhas de pacova. Quando acesas viram tochas perfumadas e determinam um palco/círculo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio4vnJuiJMhnh2xKOsr1jM6hGC6DgL-b6WiqPYlZUS2JuEFSrQKzb2F58hTLZDK4FrrgdtH9piECC2w_Yw_BSLl2EEDDsDzJmpeOJchzQKNGtGo7-W1W_qte3wu0SmwcjhVdtosqgoaZY/s400/3+indios+tarde+01280015.jpg)
No período da vazante dos rios, as tardes e noites da Aldeia Matokodakwa são envolvidas no som inebriante de várias flautas, cantos e danças agradecendo a pescaria e a boa safra.
Texto e fotos de Juvenal Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário