Meu amigo Penna Prearo tem umas idéias fotográficas surpreendentes. Entre as muitas que realizou, uma delas, é a foto dos artistas na Casa das Retortas com as cabeças ensacadas. É significativa e faz parte da série "Quem você pensa que é"
Dias atrás fui no ateliê do meu amigo Samuca (Salomon Cytrynowicz) que tem uma boa biblioteca de livros de fotografia. Com frequência saio da repartição e passo lá para conversar. Samuca é um ótimo professor de fotografia e sempre recebo aulas dignas de um curso de extensão em Oxford ou em qualquer outro lugar que for “iluminado”. Falamos com o Glauber, abrimos um livro e o Samuca professa sabedoria fotográfica, como um alimento. Foi professor de fotografia na PUC por mais de 10 anos e agora navega no trabalho pessoal.
O ultimo livro que abrimos foi o Propaganda and Dreams com fotografias da década de 1930 na União Soviética e Estados Unidos. Mostra um paralelo entre as fotografias realizadas por fotógrafos russos e ameAO Aricanos. A foto acima foi feita em 1937 mostrando um grupo de jovens com máscaras de gás me levou imediatamente a um paralelo com o trabalho do Penna Prearo.
Viktor Bulla foi um notável repórter fotográfico. Com 20 anos fez uma documentação fotográfica da guerra russo japonesa 1904/1905. O Japão foi vitorioso.
Também documentou a primeira guerra mundial 1914/1917.
Seu pai Karll Bulla tinha em Leningrado uma empresa bem sucedida de fotografias. Fabricava chapas emulcionadas. Vale a pena entrar no Google e navegar nas fotos e textos sobre os Bullas.
Viktor Bulla também fotografou a revolução de outubro de 1917 e a guerra civil russa. Foi chefe de fotografia da agência Leningrado Soviética. Em 1938 durante a grande purga (uma série de campanhas de repressão política e perseguição na União Soviética) feitas por Joseph Stalim em 1936/1938, também descrita como o “holocausto soviético” - ele foi preso e acusado de ser um espião alemão.
Penna Prearo está imerso em uma linguagem pessoal incomparável, mesmo que eu queira fazer esta citação e paralelo com o fotógrafo Viktor Bulla. Acho que é só por lembrar dele e querer falar sobre o seu trabalho. Uma vez nos encontramos na Av. Alfonso Bovero, em São Paulo e ele me deu ótimos textos de Oliviero Toscani que guardo. Em outra ocasião precisávamos de um ensaio para a revista Coyote e procurei o Penna que publicou fotos de rachaduras das calçadas nos arredores da sua casa no bairro do Sumaré, em São Paulo. É um artista.
Penna está na ativa. Sempre esteve. Consagrados curadores e críticos como Stefania Briil, Agnaldo Farias, Simoneta Persichetti, Tadeu Chiarelli e Rubens Fernandes Júnior escreveram textos elogiosos sobre o seu trabalho.
Eu também quero homenageá-lo aqui no meu canto.